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Enviada em: 14/10/2018

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a questões relacionados à prostituição é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito dessa “profissão” que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela marginalização desses indivíduos no cenário familiar, seja pela lenta mudança de mentalidade social.      Cabe ressaltar que o ser humano é um ser social, o que traz a tona a questão da exclusão como um problema considerável. Nesse âmbito, um exemplo notório reside no ambiente familiar, no qual, em muitas famílias, as profissões não-tradicionais são enxergadas como frívolas. Conforme o pensador indiano Oshe, o medo da exclusão social é a principal causa para um indivíduo deixar de lado a sua própria identidade, o que pode gerar consequenciais como a depressão e o suicídio.    Outro fator importante reside no fato de que as pessoas estão vivendo tempos de "modernidade líquida", conceito proposto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, o qual evidencia o imediatismo das relações sociais. Atualmente, pode-se notar que o fluxo de informações ocorre em grande velocidade, fenômeno que muitas vezes dificulta uma maior reflexão acerca dos dados recebidos, acostumando o ser a apenas utilizar o conhecimento prévio. O indivíduo, então, quando apresentado a outros meios de ganhar dinheiro, condenado moralmente, tem dificuldade em respeitá-las, uma vez que sua formação pessoal baseou-se somente em uma esfera de vivência, o que pode comprometer o convívio social e o pensamento crítico.  Diante disso, urge que o Poder Público intensifique campanhas de conscientização social, por meio de mídias de grande alcance. É imperativo, também, que o Ministério da Justiça amplie punições contra crimes de agressão e humilhação contra esse trabalhador , juntamente com o incentivo à criação de ONGs com o intuito de ressocializar essa minoria na sociedade . Em consonância, cabe ao Ministério do Trabalho e do Emprego juntamento com o Ministério da Educação estimular e regulamentar palestras que retratem tanto a importância da equidade como a dura realidade frente a questões relacionados à prostituição no Brasil. Dessa forma, o principio da isonomia será garantido.