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Enviada em: 15/10/2018

Na obra "Lucíola", o autor José de Alencar retrata a vida da personagem Lúcia, que, para dar suporte financeiro a sua família, vende o próprio corpo e passa por diversos dramas como prostituta, inclusive, sofrendo com a rejeição dos pais. Dessa forma, o livro relaciona-se hodiernamente com a prostituição no Brasil, mostrando que essa problemática persiste intrinsecamente ligada aos imbróglios do pretérito, em conjunto à falta de políticas públicas eficazes para resolver a questão.        Em primeiro plano, ao analisar por um prisma histórico, verifica-se que a prostituição nem sempre teve uma conotação negativa, já que, na Grécia Antiga, os bordéis eram vistos com naturalidade e representavam uma atividade econômica. Todavia, na Idade Média, esse ideal mudou, com as mulheres prostitutas sendo brutalmente banalizadas, tanto pela sociedade quanto pela igreja, por corromper a moral cristã e não seguir o papel social da mulher no período, que era cuidar do lar e casar-se. Sendo assim, esses acontecimentos conectam-se à atualidade por meio do machismo estrutural presente na sociedade, que julga a prostituição como algo imoral, o que prejudica a qualidade de vida das profissionais do sexo, visto que, de acordo com a Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), 59% das mulheres vivem na prostituição para sustentar a família.         Por conseguinte, é indubitável que as chagas contemporâneas são a situação de marginalização social vivida pelas prostitutas no Brasil, que sofrem constantemente riscos de violência, já que, segundo dados da Associação de Profissionais do Sexo do município de Picos, no Piaui, 41% dessas mulheres já sofreram algum tipo de violência, seja ela física, psicológica ou sexual. Ademais, a falta de políticas públicas eficazes prejudicam uma mudança efetiva, pois, apesar da Constituição Federal de 1988 não considerar o exercício da prostituição um crime, ainda não há a regulamentação da prática, o que vem de encontro às medidas realizadas por diversos países, como a Espanha, que legaliza a profissão desde 1995. Logo, é vital que se siga o ideal de Gandhi, que acreditava em mudanças no presente para um futuro melhor, como forma de sanar esse imbróglio.      Portanto, para resolver os problemas retratados no livro "Lucíola" e seguir o ideal gandhiano, o Governo deve, por meio de um projeto de lei, regulamentar a profissão e criar uma organização que forneça suporte a essas mulheres, com consulta psicológica, além de aulas sobre educação sexual e planejamento financeiro, para que, assim, haja uma melhora na qualidade de vida das profissionais do sexo. Outrossim, é importante que o Ministério da Educação, através de palestras nas instituições de ensino, alerte sobre os perigos da profissão e as reais motivações para segui-la, como forma de diminuir os índices de violência e desconstruir o preconceito sofrido pelas milhares de Lúcias do país.