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Enviada em: 27/10/2018

A abolição da escravatura completou 130 anos em 2018 e, desde que a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel, os negros têm enfrentado desafios para se inserirem na sociedade brasileira. Ao longo desse mais de um século, houve avanços significativos nessa luta, entretanto ainda perpetuam elementos dificultadores para essa interposição, como o racismo, cujas facetas foram se modificando na história do Brasil.       O primeiro aspecto a ser ressaltado é a conexão entre o preconceito racial e social nos dias atuais. Essa lógica pode ser constatada pelo fato de que, apesar das desigualdades sociais afetarem toda a população brasileira, essas diferenças acentuam-se para os cidadãos negros. Exemplo disso está no setor educacional público, que apresenta taxas de 66,4% de pretos de pardos concluintes do ensino fundamental contra 82,9% de brancos segundo os dados do IBGE. A disparidade dos índices acentua-se conforme aumenta o nível de escolaridade. Sendo assim, verifica-se o chamado racismo estrutural que configura um obstáculo para igualar as oportunidades entre brancos e negros desde o ensino básico até o superior.       É importante destacar que esse panorama é mantido também pelo racismo ideológico. Verifica-se que, mesmo vencendo a barreira da escolaridade, os afrodescendentes enfrentam preconceito na busca por ascensão no mercado de trabalho. Fatores como a rejeição pelo empregador e desproporção salarial possuem um viés ideológico, cujo objetivo é manter a hegemonia branca em determinadas empresas e cargos. De acordo com a pesquisa do IBGE, em 2017, os negros eram 64% dos desempregados e, entre os graduados, os brancos ganham 47% a mais do que os negros. Dessa forma, é necessário que não somente os que sofrem racismo, mas também toda a sociedade compreenda quais as faces do preconceito e como ele interfere na vida dos cidadãos afrodescendentes.       Diante desse contexto social, é preciso que o Ministério da Educação priorize o investimento no ensino básico público, por meio de uma política beneficiadora de regiões e Estados cuja concentração de negros seja maior, visando diminuir a evasão escolar dessa parcela da população e promover a igualdade de oportunidades desde a infância. Ademais, as escolas e universidades devem fortalecer o debate sobre o racismo e suas formas, por intermédio da obrigatoriedade no currículo de disciplinas, como direitos humanos, objetivando uma mudança ideológica no consciente coletivo brasileiro. Assim, a população negra poderá se libertar das amarras que dificultam a superação de um passado de escravidão.