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Enviada em: 24/02/2018

O Atlas da Violência 2017, estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), revelou que a cada 100 assassinatos, 71 são de jovens negros, entre 15 e 29 anos. Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os negros representam 53,6% da população brasileira, 63% dos pobres e 69% dos indigentes. Mesmo sendo metade da população, são os negros que mais sofrem com o racismo, com o preconceito, com a pobreza e, consequentemente, com a violência.       Consoante os dados apresentados, torna-se impossível não relacioná-los com a escravidão. Ainda que a Lei Áurea tenha sido promulgada a mais de 100 anos, permanece em nossa sociedade os resquícios de séculos de exploração e sofrimento que brancos e Senhores da Casa Grande impuseram a várias gerações de afrodescendentes. Enquanto uns consideram a referida Lei um marco, são os negros que sentem na própria pele o sofrimento por terem sido abandonados à própria sorte depois de mais de 300 anos de escravidão.       Por mais que haja uma luta diária para que sejam valorizados, são os negros que ocupam os subempregos, que tem os menores salários, que são minorias no Congresso Nacional, na mídia e outros espaços públicos e privados. São estigmatizados pela cor da pele, pelo cabelo, o formato do nariz, como se traços físicos os definissem como seres inferiores vindo ao mundo para servir. Uma sociedade branca, que insiste em ignorar o mal deixado pela escravidão, não percebe a necessidade de reparar o dano, e erra novamente em culpá-los pelas mazelas que atingem nosso país.        Portanto, cabe ao Poder Público dar continuidade a políticas inclusivas, como as cotas raciais nas Universidades, a distribuição de renda e valorização da mão de obra, até que se reduza a desigualdade. Cabe à sociedade a conscientização da necessidade de resgatar esse povo sofrido, principalmente por meio da educação, do conhecimento da História e dos acontecimentos passados, para entender o presente, projetar um futuro de igualdade em que a cor não defina quem você é.