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Enviada em: 17/06/2017

A pirâmide egípcia brasileira          As pirâmides sexo-etárias traduzem projeções socioeconômicas inerentes à natalidade, mortalidade e expectativa de vida de uma determinada sociedade. Assim, uma crise previdenciária se caracteriza, na dinâmica populacional, por um processo lento e gradual no qual o decréscimo das taxas de nascimento induz à diminuição da população economicamente ativa (PEA). Com efeito, um diálogo entre o Governo Federal, Poder Legislativo, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e os cidadãos é medida que se impõe para legitimar as reformas previdenciárias em questão.       Em primeiro lugar, A industrialização tardia brasileira diminuiu a taxa de fecundidade média de reposição da PEA e desestabilizou a previdência social. Em 1930, Getúlio Vargas inaugurou uma nova política nacionalista ao suscitar o desenvolvimento das indústrias de base no eixo RJ-SP, fato que foi enraizado na estrutura econômica e produtiva brasileira e perpetua-se até os dias atuais. Todavia, a concentração produtiva no Sudeste, uma vez que a oferta de empregos atraem milhares de migrantes, promoveu uma urbanização acelerada, via metropolização, desequilíbrio das redes urbanas e macrocefálica. Tal processo, ao saturar a vida nos burgos contemporâneos e aliar-se a outros fatores de cunho social, promoveu a incapacidade nacional de repor o mercado ativo.         Em segundo lugar, a contribuição ao INSS e impostos oriundos do mercado trabalhador e consumidor regula e equilibra a previdência. No entanto, os fatores de cunho social provocados pela urbanização abrupta, como o alto custo de vida nas cidades, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a carência de serviços básicos, a infraestrutura elitizada e o tempo de qualificação técnica, ao desestabilizar a pirâmide social, provocam projeções preocupantes ao Governo e , necessariamente, o qual sancionará medidas e reformas. É, pois, importante reconhecer que tais sanções não são frutos de determinações político-partidárias, mas de uma dinâmica que as sociedades deverão ultrapassar a medida de seu desenvolvimento, como, por exemplo, a Europa.         Fica evidente, portanto, que o Brasil necessita de alterações para assegurar a previdência social. Não obstante, os trabalhadores não devem financiar sozinhos toda a crise com a sua ínfima renda, mão de obra e terceira idade. Medidas contundentes se fazem necessárias, mas , para isso, o Governo Federal em intercâmbio com o IBGE e o poder Legislativo, deve promover uma distribuição da infraestrutura, indústria e serviços ao longo do território nacional por intermédio de inventivos fiscais , investimentos em obras públicas, como portos, estradas, hospitais, escolas e tecnopolos, o que redistribuirá a população e os fatores da urbanização abrupta serão amenizados, pois, ao desconcentrar e equilibrar as oportunidades, a qualidade de vida aumentará , o que torna viável para as famílias manter a taxa de fecundidade no ponto de reconstituição da PEA , promovendo, assim, uma aposentadoria digna e segura aos trabalhadores. É papel do cidadão consciente compreender a crise e os seus vetores para que a pirâmide etária e seus estudos não sejam alienadas à pirâmide de poder político que está acostumada a escravizar o povo brasileiro .