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Enviada em: 19/06/2017

Reforma da previdência: privilégios e opressão   Em "Minha vida de menina", da escritora Helena Morley, há a presença do coronelismo - prática que garantia certos benefícios aos coronéis no âmbito social, em detrimento do bem-estar da população. A despeito dos anos que separam o contexto da obra, pertencente ao século XX, do panorama vigente, a implementação da Reforma da Previdência - conjunto de mudanças acerca dos direitos dados aos servidores, principalmente senis - retoma as características da Primeira República, já que seu estabelecimento não combate privilégios e não protege os mais vulneráveis. Por isso, faz-se necessário sua retificação a fim de se construir uma sociedade melhor.   Em 2017, o governo de Michel Temer decidiu, com o apoio do Legislativo, dentre outras coisas, aumentar o tempo de serviço, bem como a idade de aposentaria dos cidadãos. Alegou-se que o intuito era diminuir os gastos decorrentes do aumento da camada idosa do país, que passa pelo chamado "amadurecimento da pirâmide etária", oriundo de seu desenvolvimento socioeconômico, e igualizar a situação dos indivíduos. Contudo, a polícia civil, os integrantes do poder Legislativo e os militares não foram integralmente incluídos nas transformações e, portanto, gozam de privilégios, diferentemente dos demais. Dessa maneira, um dos intuitos alegados pelo Executivo não se faz verificável e o momento em voga acaba se assemelhando com o da ditadura brasileira, em que os militares também possuíam benefícios.   Além disso, a população mais pobre da sociedade acaba sendo prejudica, visto que há menor estabilidade trabalhista para quem possui menos qualificação. Assim, o cidadão não tão abastado terá que trabalhar ainda mais para alcançar a aposentaria, se, aos 65 anos, não tiver cumprido o mínimo de 25 anos de prestação de serviços. Com isso, confirma-se a teoria de Karl Marx - em que a superestrutura, os três poderes, e a infraestrutura, os meios de produção, exercem opressão sobre o ser.   Em suma, a reforma previdenciária atual não é eficaz e deve ser transformada. Para isso, o Legislativo deve promulgar uma lei que diminua o tempo de serviços prestados, a fim de se aproximar com a realidade trabalhista da maioria dos brasileiros, que não possuem estabilidade no emprego. Somado a isso, o mesmo poder precisa aprovar uma emenda que cobre maior contribuição de quem possui mais renda, com vistas a uma arrecadação mais rentável, diminuindo, portanto, a necessidade de se trabalhar até 65 anos. Por conseguinte, formar-se-á uma nação que vai de encontro àquela detalhada por Helena Morley.