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Enviada em: 19/06/2017

O grito contemporâneo      O Artigo XXIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos garante a todo o ser humano o direito ao trabalho, com condições justas e favoráveis para o pleno exercício das atividades, além da proteção contra o desemprego. No entanto, um novo plano governamental propõe mudanças que visam o elevação das reservas financeiras para garantir a manutenção das gerações futuras, sem se comprometer com o bem estar dos trabalhadores. Nessa perspectiva, cabe analisar os reais impactos das reformas da previdência no Brasil, bem como seus reflexos na sociedade.       Primeiramente, é válido destacar que o aumento no tempo de contribuição previdenciária minimiza a qualidade de vida do trabalhador. Isso acontece porque com o envelhecimento natural há uma redução da vitalidade do indivíduo e o aparecimento de doenças passa a ser mais frequente, elevando os índices de mortalidade. Tal fato pode ser comprovado através da máxima do filósofo grego Platão, quando menciona que o homem deve temer a velhice porque ela nunca vem só, ratificando, assim, a ideia de que nesta fase da vida há uma maior necessidade na assistência aos indivíduos para a diminuição dos impactos na saúde física, mental e emocional, e consequente redução da mortalidade.       Convém pontuar, ainda, que a corrupção na governança brasileira compromete o direito ao gozo do benefício da aposentadoria por tempo de serviço. Isso ocorre porque a má administração dos recursos, como a distribuição de auxílios e isenções tributárias desnecessárias aos políticos, gera impactos negativos na sociedade pela necessidade de aumentar a arrecadação para custear os gastos da nação. Prova disso pode ser visto em dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, o qual revelou que os prejuízos econômicos e sociais causados pela corrupção no país, em 2015, custaram 69 bilhões de reais aos cofres públicos, fato que desrespeita os contribuintes, uma vez que tais recursos poderiam ser utilizados para a aplicação nos fundos de aposentadoria e pensão.       Fica claro, portanto, que as reformas no sistema previdenciário brasileiro promovem entraves na sociedade. Diante disso, cabe ao Poder Público combater a corrupção no país através de uma maior fiscalização no direcionamento dos recursos financeiros; cabe às instituições de ensino, como escolas e universidades, promover debates sobre a economia do país através de palestras proferidas por sociólogos. Urge, também que a população exerça as noções de democracia, protestando pacificamente e exigindo uma ampla reforma política que inviabilize, por exemplo, a concessão de benefícios múltiplos aos governantes. Afinal, é preciso que a sociedade expresse sua perplexidade através do grito, assim como fez o pintor Edvard Munch, no final do século XIX.