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Enviada em: 03/05/2017

Profecia futurística     Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é, até hoje, repetido: "Brasil, país do futuro". Foi notório um sentimento similar à esse com a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olímpiadas de 2016. Entretanto, quando se observa os legados deixados por esse evento global, verifica-se que a profecia não saiu do papel.      Em primeiro plano, é indubitável que a falta de conservação das transformações espaciais está entre as causas do problema. Baseado na máxima de Maquiavel de que os fins justificam os meios, o Poder Público causou desalojamentos e transtornos no trânsito, com o objetivo de criar uma melhor integração entre as regiões da cidade. Contudo, o que se vê, atualmente, no Rio pós-olímpico, são arenas fechadas e sem manutenção, que acumulam lixo e entulho, e obras de transportes e ambientais paralisadas. Desse modo, não só realizaram poucas mudanças para minimizar a segregação, como também não cumpriram uma parte essecial do planejamento.       Por outro lado, é importante destacar que as Olímpiadas reacenderam a esperança em muitos brasileiros, mesmo em tempos de crise. Os Jogos Olímpicos, criados na Grécia Antiga, possuíam como uma de suas metas a busca pela paz e a harmonia entre as cidades que compunham a civilização. De maneira análoga, pode-se perceber a permanência desse ideal entre os países, por meio dos atletas e/ou torcedores, o que, associado à cenários de competições bem estruturados e visualmente atraentes, auxiliou na superação das expectativas quanto à realização de um evento mundial em uma cidade com problemáticas tão desafiadoras. Assim, apesar dos inegáveis pontos negativos e da fratura social vigente no Brasil, as Olímpiadas representou uma trégua nos conflitos para que ocorressem momentos inesquecíveis de comunhão entre culturas díspares.       Torna-se perceptível, por conseguinte, que, embora os Jogos Olímpicos de 2016 tenha formado memórias positivas, não houve a promoção total do legado esperado para o município do Rio de Janeiro. Se toda hora é hora de fazer o certo, como dizia Martin Luther King, então é dever do Governo Municipal investir no reaproveitamento dos espaços utilizados nos jogos, tanto promovendo shows, festivais e até cerimônias em parceria com empresas privadas, quanto criando projetos sociais com a prática de modalidades esportivas em conjunto com ONG's, com a finalidade de manter esses locais ativos. Dessa forma, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.