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Enviada em: 14/09/2017

Em 2014, na cidade de Guarujá-SP, uma mãe foi espancada e morta por seus vizinhos depois que uma falsa denúncia de crime se espalhou na cidade através dos meios virtuais. Infelizmente, a sensação de anonimato que as plataformas digitais proporcionam estimulam muitos usuários a dar vazão aos seus piores instintos, fato que denota a importância de se debater a respeito dos riscos de compartilhar mentiras e boatos na internet.    "Uma mentira pode viajar ao outro lado do mundo enquanto a verdade ainda está calçando os sapatos", essa frase do escritor Mark Twain, que faleceu bem antes da invenção da internet, ajuda a dimensionar a amplitude da ruína que uma calúnia pode causar. Direitos civis fundamentais como privacidade, presunção de inocência e ampla defesa podem virar pó diante do impulso covarde de se espalhar uma falsidade, a qual pode, além de causar danos emocionais e financeiros, culminar em morte brutal da vítima por linchamento.    Ademais, a última eleição para presidente dos EUA, mesmo se tratando de um país com instituições sólidas, foi marcada pelo compartilhamento, via redes sociais, do que se convencionou denominar de "fake news" (notícia falsa) durante a corrida presidencial. Nota-se, assim, a virulência do ato de espalhar inverdades, o qual pode tanto destruir vidas quanto ameaçar o Estado Democrático de Direito.    Logo, o governo federal, através do Ministério da Justiça, deve, em parceria com os governos estaduais e suas respectivas forças de segurança, investir na ampliação e estruturação das delegacias especializadas em crimes virtuais, as quais ainda estão presentes somente nos grandes centros do país. Além disso, o Ministério da Educação também deve colaborar fornecendo recursos financeiros, materiais e pedagógicos (aparelhos e internet de qualidade, cursos de reciclagem, valorização do professor) para que as escolas possam instruir os alunos sobre os impactos reais das ações praticadas no mundo virtual, pois prevenir é menos custoso, mais fácil e mais eficiente.