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Enviada em: 06/08/2018

''Da galera que apoia, você não acha esquisito? O governo libera porque lucra com isso. E a gente toma cachaça até no aniversário de Cristo'', o trecho faz parte da música ''Vasilhame'' do cantor de rap Criolo. Nela, o artista critica a banalização e a vangloria do consumo de álcool, principalmente, entre os jovens e, conjuntamente, a vista grossa do governo frente ao problema, que age interessado nos lucros associados aos impostos sobre as bebidas e o cigarro. O incentivo por meio de propagandas chamativas, em consonância com a ideia da necessidade de uso para o divertimento, contribuem para o aumento dos riscos decorrentes da iniciação antecipada e demandam medidas para sua contenção.     O cigarro, com o passar dos anos, teve seu comércio e consumo desestimulado. Contudo, ocorre de forma diferente com o álcool, que se sustenta através da vinculação de propagandas glamourosas que associam a sua ingestão à felicidade e ao entretenimento pleno. Exemplo dessa realidade são os comerciais de cerveja, exibidos em horários nobres e buscando atingir em cheio seu público alvo: usualmente jovens e adultos do sexo masculino. Com isso, durante as chamadas na televisão, os atores que exibem o produto passam uma imagem descontraída, bem sucedida e são rodeados de bonitas mulheres ''símbolos'' das marcas de cerveja, como forma de atrair maiores públicos interessados: é o caso da Antarctica e a atriz Juliana Paes e da Itaipava com a modelo Aline Riscado.    Outrossim, destaca-se papel do álcool e de drogas como a maconha e a cocaína, como ''muletas sociais'', inexoráveis para o divertimento. Dessa forma, o uso se inicia de forma precoce, como um meio para se enquadrar em grupos, deixar a timidez de lado e se dar melhor nas relações sociais. Segundo o Levantamento Anual de Álcool e Drogas (Lenad II), quase 60% dos jovens experimentaram a sua primeira dose ainda antes dos 15 anos, isso se dando, na maioria das vezes, dentro do ambiente doméstico e  custeado por seus familiares. Dessarte, devido à formação ainda incompleta do corpo, é aumentado os riscos de degeneração neurológica, dependência química e comportamentos de risco: como dirigir embriagado, prática de violência física e sexual, além de atos sexuais sem preservativos.    A utilização de substâncias químicas de forma precoce é uma realidade que abrange grande parte dos jovens brasileiros. Deve-se, portanto, adotar medidas capazes de amenizar o problema. Cabe ao CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - a investigação das propagandas de bebidas e a proibição de sua associação com lazer, felicidade e, também, da exploração da imagem feminina como meio de arrecadar novos consumidores. Bem como, deve-se explicitar para população em geral, através de campanhas de conscientização, os riscos associados ao consumo de forma exacerbada e imatura, visando à inibir pais e responsáveis nas práticas de incentivo e custeio,