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Enviada em: 09/08/2018

Em "O Cortiço", Aluísio Azevedo, seguindo os princípios naturalistas, focaliza o homem sob a perspectiva do determinismo. Nesse sentido, a problemática do consumo de bebidas alcoólicas pelos adolescentes no Brasil dialoga com a obra, haja vista que essa aborda o indivíduo como produto da hereditariedade e do meio social. Tais fatores são substanciais para a compreensão do tema, pois configuram-se como as principais causas para o uso precoce do álcool. Destarte, surge um debate que precisa ser discutido, ressaltando as consequências para os jovens e como aplacá-las.       É fundamental salientar, a princípio, que como apontado pelos filósofos deterministas, entre eles o francês Émile Durkheim, o ambiente no qual o ser está inserido está diretamente ligado a suas ações. A partir desse panorama, o adolescente que convive com o hábito de ingerir bebidas alcoólicas com frequência dos pais está mais propenso a utilizá-la. No entanto, essa caso não é o único motivador: a sociedade atual, de certa forma, naturalizou o consumo dessa substância, gerando um comércio altamente lucrativo e uma veiculação sem limites de propagandas que incentivam a procura. Nesse âmbito, de patrocinadora de eventos esportivos e comerciais protagonizados por celebridades a letra de músicas, a cultura da consumação alcoólica possui um poder influenciador enorme ao aliar o consumo a felicidade, o que incentiva ainda mais o público juvenil.      Outro ponto que merece atenção é o fato do sistema nervoso do adolescente estar, até então, em formação, potencializando os prejuízos ao seu organismo. Por conseguinte, pode-se citar como danos, além dos emocionais, déficits de memória e atenção, queda no rendimento escolar e retardo no aprendizado, somado com a inegável maior exposição que leva a probabilidade de ocorrerem abusos sexuais, gravidez não planejada e o envolvimento com outras drogas. Ademais, há a questão da aceitação no grupo de amigos, em que o jovem começa a beber para se desinibir e não enxerga os malefícios envolvidos, principalmente devido à fácil aquisição em botecos e supermercados.      Diante dos argumentos supracitados, são urgentes medidas para reduzir os impactos resultantes da temática em evidência. De início, cabe ao Ministério Público a fiscalização constante e vigorosa de bares e estabelecimentos, seguindo o Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe a oferta de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos, com multa severa. Outrossim, os Ministérios da Educação e da Saúde precisam criar campanhas nos meios de comunicação, e nas escolas durante as aulas, com mensagens chocantes sobre os riscos do álcool na adolescência, além de propor maior rigidez nas publicidades, estabelecendo limites e horários adequados. Por fim, o diálogo familiar é indispensável na conscientização, assim como uma mudança gradual na mentalidade do corpo social.