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Enviada em: 03/08/2017

Com base em evidências epidemiológicas, o abuso de álcool é identificado como importante problema de saúde pública. A problemática assume relevância quando as primeiras experiências ocorrem na adolescência, fase de maior vulnerabilidade. Seu uso pode acarretar o comprometimento das potencialidades cognitivas e criativas. A longo prazo provoca um impacto social e econômico, decorrente das repercussões na saúde física e mental.    Em nível mundial, estudos têm analisado a associação de múltiplos fatores ligados ao uso dessas substâncias, identificando-se que variáveis como gênero, idade da iniciação e problema familiar resultante desse hábito, podem estar associadas ao maior consumo. Pesquisas apontam a importância da transmissão geracional, na qual a influência de estilos e hábitos parentais pode interferir na iniciação e uso social, bem como no consumo de bebidas alcoólicas. Por sua vez, a alta disponibilidade dessas substâncias no ambiente social e a atitude favorável da família podem induzir a iniciação precoce. Familiares representam modelos de identificação e proteção, sendo os limites e regras das famílias importantes mediadores de comportamentos e estilos de vida, entre os jovens.    Outro grande problema é que a propaganda dirigida ao público jovem é intensa e existem produtos desenvolvidos especialmente para essa faixa etária. Um exemplo são as sodas alcoólicas que, apesar de aparentemente mais fracas, contêm quantidades de álcool mais elevadas que a cerveja. Também as propagandas exibidas em canais abertos, muitas vezes em horários inapropriados (até mesmo no intervalo de programas infantis), exprimem essa ideia de que o álcool é algo bom e prazeroso.    Frente à esse contexto, é que importante a família abrir espaço para o jovem conhecer o assunto e saber lidar com as surpresas que surgem no decorrer de sua vida, para que sinta segurança em rejeitar a bebida quando alguém lhe oferecer e não se sentir ameaçado por não aceitá-la. Discutir sobre o cotidiano, reportagens de televisão, jornais e revistas mostrando fatos causados pela ingestão de álcool também será uma forma de alerta. Por fim, é responsabilidade dos gestores públicos, a restrição da oferta de bebidas aos adolescentes e o aumento da fiscalização da idade mínima, de 18 anos, permitida para beber. Para ajudar nessa fiscalização seria interessante a proibição das propagandas alusivas, além de investimento maciço em projetos de prevenção nas escolas, na promoção de hábitos saudáveis e de valorização da vida, entre outros.