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Enviada em: 06/05/2017

O desenvolvimento tecnológico e a lógica produtivista - operante a nível global - associados à prática de uma república que foge ao seu ideal romano, têm sido desastrosos para nossa saúde. Em meio ao frenesi urbano e à potência de ação da tela "touch", o trabalhador brasileiro não tem acesso à hábitos saudáveis, os quais devem ser incentivados com a democratização tanto dos espaços destinados à atividade física quanto da educação básica em saúde social.    O caráter automotor e desorganizado da mobilidade urbana, legado da integração de quase todo o território nacional por meio de rodovias realizada pelo governo de Juscelino Kubitschek, é um empecilho para a prática diária de exercício físico. As distâncias que o cidadão precisa percorrer para trafegar do trabalho à casa e o curto tempo que se dispõe para tal não possibilita que se opte por uma caminhada, nem mesmo por uma "pedalada", tendo em vista a carência de ciclovias.    Além da incapacidade de inserir a atividade física no seu deslocamento diário e obrigatório, o brasileiro que desejar realizá-la num momento de lazer terá dificuldades de encontrar um espaço público em boas condições para tal; o desenvolvimento e a posterior conservação de tal espaço são realizados majoritariamente em regiões "nobres" - bairros de classes altas economicamente - enquanto que em regiões periféricas ou pobres vê-se um imenso descaso da ação pública.    O visível abandono dos espaços construídos para os jogos olímpicos de 2016 demonstra, além da ineficácia dos órgãos responsáveis pela sua manutenção, como a sociedade brasileira carece de conscientização a respeito da importância dos exercícios físicos para a conservação da própria vida. A desinformação no que tange a própria biologia humana é efeito de uma escassa base escolar.    Dessa forma, o combate ao sedentarismo deve ser realizado a partir de ações integradas entre o ministério nacional do esporte e as secretarias municipais de esporte, lazer e inclusão social, promovendo o acesso à prática esportiva gratuita e de qualidade. A coordenação entre tais órgãos e o ministério das cidades possibilitará o desenvolvimento eficaz de políticas públicas de reestruturação do trânsito. Por fim, campanhas midiáticas e escolares de caráter informativo a respeito dos riscos do "mal do século" e um projeto de democratização da educação a nível básico devem ser compromisso tanto da mais específica organização social - em bairros e pequenas cidades - quanto do estado nacional brasileiro.