Enviada em: 18/02/2019

Michael Sandel, professor na Universidade de Harvard, nos diz que "Democracia não quer dizer igualdade perfeita, mas de fato exige que os cidadãos compartilhem uma vida comum". A partir de tal premissa pode-se perceber que a crescente segregação das classes sociais no Brasil tem contribuído para a quase inexistência desse compartilhamento de vida e, como consequência, a existência de bolhas sociais. É preciso viabilizar estratégias que possibilitem recuperar o compartilhamento dessa vida comum. No livro de Jane Austen, Orgulho e Preconceito, temos uma distinta separação de classes sociais, onde os mais abastados acreditam que os menos afortunados possuem menor propriedade intelectual e modos repudiáveis. Em casos assim, visualiza-se o perigo das bolhas sociais, que faz com que o indivíduo que esta nela tenha ao seu redor apenas pessoas com o mesmo pensamento. Sem contradições ou debates, acreditam que seus ideais são verdades absolutas e passam a desprezar aqueles que pensam diferente. Dessa forma, é possível perceber que tal segregação limita a percepção e respeito ao bem comum, aumentando os casos de preconceitos e destruições dos patrimônios públicos. No Brasil, essa separação de classes se mostra mais aparente na realidade dos serviços públicos que passaram a ser  não mais um bem comum, mas de uso apenas daqueles que não podem pagar por serviços melhores. Esse descaso restringe a cobrança da população de melhora dessas infraestruturas, tão essenciais, ao poder público e, a cada dia, é possível observar o sucateamento desses patrimônios comuns a toda à sociedade. Portanto, medidas se fazem necessárias para resolver o impasse. Cabe ao Governo Federal a criação de um plano a longo prazo que viabilize um melhoramento significativo nos serviços públicos oferecidos a população, para que estes se equiparem aos serviços privados. Cabe ao Ministério da Educação proporcionar constante valorização dos patrimônios sociais nas escolas além de tornar viável a organização de debates nas salas de aula para tratar de temas sociais. Por fim, compete ao Ministério das Cidades tornar os espaços públicos viáveis para o compartilhamento de vida comum a todas as classes sociais. Assim sendo, mantém-se a esperança de que a segregação das classes sociais e a criação de bolhas sociais no Brasil diminuam progressivamente até conquistarmos uma democracia justa.