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Enviada em: 15/06/2019

No livro Admirável Mundo Novo, o escritor Aldous Huxley apresenta uma sociedade marcada pela divisão social em castas. Nela, cada grupo se isola em determinados locais, de forma que as "elites" fomentassem um discurso de preconceito frente aos demais. Apesar de ficção, a temática dessa distopia pode ser projetada para a realidade brasileira. Afinal, existe, evidentemente, uma marca direta que define esse panorama. Cabe então, analisar o viés sincrônico e diacrônico desse processo.       Em primeiro lugar, é possível analisar o isolamento no qual certos grupos são acometidos. De fato, segundo Theodor Adorno, as indústrias contemporâneas têm como característica básica a massificação, isto é, recebem influencia direta pelos valores capitalistas. Nessa perspectiva, o acesso a determinados conteúdos e materiais se torna seletivo, o que cria, àqueles que os possuem, o chamado "status social". Isso se verifica, por exemplo, no surgimento de novas tecnologias, em que a maioria das pessoas não as acessa, sendo ostentadas por aqueles que as possuem. Assim, torna-se evidente a segregação dos membros da sociedade.       Além disso, é notável uma análise histórica da construção do processo dito anteriormente. Com efeito, desde o fim da escravidão e transição ao modelo republicano, o governo brasileiro não investiu em políticas de inserção social. Assim, o fenômeno de favelização, que surgiu em decorrência dessa realidade, acaba por criar um estereótipo de preconceito sobre as classes mais pobres. Nessa soma, o resultado é o recrudescimento da discriminação. Uma vez que, como afirma Zygmunt Bauman, as sociedades atuais são sustentadas por valores superficiais.       Portanto, é mister que a análise dessa temática recai na necessidade de intervenções. Com isso, é possível que o Ministério da Cultura invista no desenvolvimento de workshops em espaços públicos, com atividades coletivas sobre música, literatura etc. Em consequência, será possível estabelecer maior interação entre os diferentes grupos sociais, o que garantirá maior aceitação, afastando-se da distopia de Huxley .