Materiais:
Enviada em: 18/08/2017

Fogo. Sangue. Armas. Tiros. Mortes. Esse foi o cenário da chacina ocorrida na casa de detenção do Carandiru no dia 2 de outubro de 1992. Atualmente, a realidade dos presídios não é diferente. As penitenciárias têm sido palco de inúmeros confrontos, tornando-se um cenário desumano, opressor e, além disso, uma verdadeira escola do crime. Embora tivesse como objetivo inicial a reintegração social dos presos à sociedade, o sistema prisional tem sido falho nesse papel.     Convém destacar que o Brasil é um dos países que mais encarceram e um dos piores em infraestrutura e assistência aos detentos. É válido considerar que o sistema tem refletido a realidade socioeconômica do país, onde pessoas que vivem nas periferias, desempregadas ou não pertencentes à classe média, são jogadas à mercê da sociedade. Celas superlotadas, sem higienização e com má alimentação ilustram o descaso das autoridades, o que contradiz diretamente o direito à integridade física e moral dos detentos.     Ademais, cabe enfatizar a falta de assistência jurídica a esses presos. Apenas uma pequena parcela é realmente condenada, a maioria aguarda julgamentos, alguns por não ter condições de arcar com essas despesas ou ainda por ser esquecidos pelo sistema, contribuindo para a superlotação carcerária. Diante desses dilemas, vê-se com frequência rebeliões e brigas dentro dos presídios, por facções rivais ou protestos contra a precariedade onde vivem. O episódio ocorrido no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, ilustra esses conflitos.    Fica evidente, portanto, o cenário hediondo do sistema carcerário brasileiro. Diante disso, faz-se necessário que o Ministério Público, juntamente com a mídia, promova campanhas para arrecadação de alimentos, produtos de higiene pessoal e através de trabalhos sociais entre os presos, instale uma rede de saneamento básico. Outrossim, o Ministério da Justiça deve conceder aos mesmos o devido julgamento e assistência jurídica, evitando, assim um cenário superlotado e desumano.