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Enviada em: 29/06/2017

O documentário Carandiru, sobre o maior presídio da América Latina, demonstra a realidade caótica do sistema carcerário brasileiro: os maus tratos sofridos pelos presidiários, que estão sob a tutela do Estado, poderiam configurar uma espécie de tortura. Isso porque a ressocialização não é efetiva, o desrespeito aos direitos humanos é evidente e o único objetivo atingido é o agravamento da marginalização e da criminalidade. Nesse contexto, reformas sistêmicas são necessárias para que o cárcere seja uma medida punitiva eficiente.       De acordo com o filósofo Aristóteles, o devido exercício político está na busca pelo bem coletivo. Por esse pressuposto, evidencia-se que a postura de indiferença dos governantes frente a problemática carcerária - que, de fato, não é uma proposta atrativa para ser destacada em eleições - é equivocada, visto que a superlotação, os maus tratos e as péssimas condições de higiene não permitem a ressocialização e agravam a criminalidade e a segregação social. Como prova disso, em Fortaleza, os detentos realizam inúmeros golpes por meio de ligações ou mensagens de texto. Dessa forma, a ineficiência dos presídios brasileiros afeta diretamente a segurança da coletividade, evidenciando a necessidade de promover melhorias e ajustes.       É válido ressaltar, ainda, que a condição desumana a qual os presos estão submetidos representa um desrespeito à dignidade. Análogo a grandezas matemáticas, a ausência de infraestrutura do sistema carcerário é diretamente proporcional a "coisificação" do presidiário. Decorrente disso,  doenças são alastradas nesse ambiente, os carcereiros utilizam a violência como punição e os presos tornam-se desumanizados e reincidentes. Como exemplo, uma reportagem da revista Carta Capital revela que o Brasil é o país que mais prendeu em 15 anos, mas continua sendo recordista em homicídios. Assim, o respeito aos direitos humanos é o princípio primeiro para articular a reinteração social.        Fica claro, portanto, que para reverter a realidade do documentário supracitado, é premente a ação conjunta das instâncias sociais. Pra isso, os governos estaduais devem investir na construção de novos presídios e na articulação de cursos profissionalizantes para detentos. Também, é viável que ocorram melhorias no amparo hospitalar e sanitário, assim como orientação na devida postura dos carcereiros, com o intuito de efetivar a ressocialização. Somado a isso, as ONG's e a escola devem desestimular o preconceito com ex-detentos. Paralelamente, a mídia, por meio de suas ficções engajadas, deve reivindicar as modificações necessárias, com o intuito de mobilizar os demais indivíduos em prol da segurança pública e do respeito aos direitos humanos.