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Enviada em: 13/07/2017

Já afirmava Claude Lévi-Strauss 'O mundo começou sem o homem e poderá acabar sem ele', nessa perspectiva a sociedade presencia um paradoxo, o descaso com os indivíduos, em contrapartida, ao discurso da igualdade. Dessa forma surge a problemática do sistema carcerário brasileiro, persistindo, ligado intrinsecamente ao pensamento humano, seja pela lenta mudança na mentalidade da sociedade, seja pelo desamparo estatal.        É indubitável, que a questão governamental seja fator súpero sustentáculo da problemática. Para Aristóteles, a política por intermédio da justiça deveria trazer harmonia a sociedade e ao indivíduo. De forma análoga, tal pensamento aristotélico é rompido, haja vista que, as condições em que os presos são mantidos, sua exposição a doenças, e principalmente, o risco de morte, vão contra qualquer princípio de humanidade. Não obstante, muitos presos esperam apenas o julgamento, perecendo desnecessariamente nos carceres brasileiros.       Outrossim, a lenta mudança na mentalidade da sociedade atrela-se ao paradoxo. José Saramago, em seu livro 'Ensaio sobre a Cegueira', descreve uma sociedade que paulatinamente torna-se cega. Metáforas a parte, é exatamente o que ocorre quando grande parcela da população prefere ver um criminoso morto, do que reeducado e inserido novamente na sociedade. Todavia, só com o fim dessa ideologia arcaica, soluções serão viáveis.       Infere-se, portante, a necessidade de mudanças governamentais e sociais. O governo, em especial, o Poder Executivo, deve pensar em penas no regime semi-aberto para crimes menos hediondos. Concomitante, o Poder Judiciário, deve acelerar os processos de julgamentos daqueles que ainda esperam em penitenciárias. No meio social, a educação deve chegar até os detentos, de forma que, quando eles adquirirem sua liberdade, á usufruam de forma coerente. Desse modo, a cegueira alienante, em conjunção ao desequilíbrio aristotélico, terão seu fim.