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Enviada em: 22/07/2017

Na obra Memórias do Cárcere, o autor Graciliano Ramos - preso durante o regime do Estado Novo - relata os maus tratos, as péssimas condições de higiene e a falta de humanidade vivenciadas na rotina carcerária. Hoje, embora não vivamos mais em um período opressor, o sistema prisional brasileiro continua sendo visto como um símbolo de tortura. Desse modo, rever a situação social a qual o penitenciário está submetido é indispensável para a construção de uma sociedade sadia. Em um primeiro momento é preciso observar o perfil do indivíduo preso. Segundo dados da Superinteressante, o Brasil tem a quarta população carcerária do mundo. 55% são jovens entre 18 e 29 anos, negros e pobres que em sua maioria foram presos ou consumindo ou vendendo drogas. A equação da falta de oportunidade aliada à necessidade de sobreviver já é uma conta conhecida no Brasil e resulta em prisão ou morte. Além disso, a falta de acesso à educação promove no jovem a falta de um norte para seu futuro e, por não ter perspectivas de melhora, vê no crime e na figura do traficante sua única forma de sucesso. Esse ciclo se agrava quando a mulher é presa poisos filhos ficam à mercê da própria sorte aprendendo desde cedo o conceito Hobbesiano de que o homem é o lobo do homem. Em uma segunda análise é importante observar os efeitos da prisão para o indivíduo. No momento em que a pessoa é presa ela perde seu direito de ir e vir, mas não deixa de ser um cidadão. Ao entrar na penitenciária, porém, essa premissa é esquecida já que não há um cuidado em separar os presos por níveis de periculosidade e nem mesmo espaço físico para comportá-los. Segundo o Conselho Nacional de justiça, nos últimos 14 anos a população carcerária triplicou. Se para Hegel a realidade é um processo histórico, esses dados comprovam que esse processo não está funcionando há tempos pois de acordo com Drauzio Varella, a cadeia não ressocializa, castiga, é um grande depósito de pessoas uma vez que não há políticas públicas de recuperação de ex-detentos.  Sendo assim, é urgente rever a situação carcerária no Brasil. Para Nelson Mandella, a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo. Por isso, é preciso que o Governo federal e o MEC implantem cursos técnicos em todas as unidades prisionais para que além de haver uma redução na pena do preso e nas despesas do Estado, esse indivíduo tenha a oportunidade de trabalhar ao sair da cadeia. Também deve investir na contratação de médicos para assistir aos presos evitando assim complicações de saúde e um gasto maior para o Estado.Além disso, urge a adoção de penas alternativas que variem de acordo com a gravidade da infração e de sua relevância para a sociedade, pois dessa forma diminuiria a superlotação carcerária. Como diria Renato Russo, a humanidade é desumana mais se acreditarmos no outro, ainda temos chance.