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Enviada em: 29/04/2018

Segundo Aristóteles, a chave para uma vida próspera é o encontro da justa medida, o meio-termo que difere virtudes de vícios. No limiar contemporâneo, que parece exigir conexão contínua, o encontro de tal equilíbrio se faz desafiador. Nessa perspectiva, a superexposição virtual é representação dos excessos da modernidade, que, ao criar uma sociedade de aparências, modifica fortemente os âmbitos social e comportamental.     Em primeiro lugar, convém analisar os traços valorativos relacionados à criação de moldes nas redes sociais. De acordo com Zygmunt Bauman, as relações contemporâneas se caracterizam pela fluidez, sobressaindo-se o aparente em relação ao essencial. Assim, a constante demonstração de perfeição e felicidade nas mídias liga-se ao desejo de sugerir realização pessoal, em detrimento de, efetivamente, senti-la. Desse modo, pessoas são coisificadas e coisas são personificadas, a fim de que se tornem mais belas.     Ademais, é importante destacar a existência de faltas nas condutas individuais, ligadas a inexistência de limites. Consoante ao escritor e jornalista Nicholas Carr, o uso intenso de mídias tecnológicas ocasiona distração e, por conseguinte, lacunas no comportamento fora das redes. Nesse ínterim, a dificuldade de reconhecer a tênue divisão entre real e virtual fomenta o desligamento não apenas de interações sociais físicas, mas também de tarefas cotidianas, como estudos e trabalho.     Torna-se evidente, portanto, a necessidade de discutir mais profundamente até que ponto é válida a exposição nas mídias digitais. Faz-se imperioso que escolas e universidades participem na delimitação de tais marcos. Devem ser criadas oficinas e projetos que relacionem-se à educação tecnológica, espaço que pode ser usado para conversas sobre o bom uso das mídias sociais. Esses debates, ministrados por especialistas, serão responsáveis pelo dimensionamento claro do que representam excessos. Outrossim, as famílias podem ser chamadas a participar de tais momentos, competindo a elas fazer cumprir os ensinamentos no âmbito do lar. Dessarte, será possível despertar a responsabilidade e noções bem definidas de utilidade que possam alcançar o equilíbrio aristotélico.