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Enviada em: 31/10/2018

Liquidez fatal    O sociólogo Zygmunt Bauman caracteriza os valores cultuados atualmente como banais, pois, em sua visão, o envolvimento das pessoas com as tecnologias trouxe liquidez às relações. Nesse pensamento, a superexposição nas redes socais torna-se um exemplo, uma vez que muitos sentem a necessidade de mostrarem suas vidas ao público, e, a cada publicação que fazem, excluem a importância da anterior, uma vez que a atualização de “status”, pensamentos e fotos deve ser constante. Desse modo, há riscos psicológicos e físicos dessa prática comum atualmente, a qual não se valoriza o que há de sólido, nem o conteúdo das relações humanas.     A princípio, a incapacidade de viver sem o uso de tecnologias por determinado tempo caracteriza-se como um mal psicológico, como uma doença: a nomofobia. Nesse caso, a necessidade de transferir a própria vida para uma rede social torna-se, além de compulsória, um agravo à saúde do indivíduo. Consequentemente, o enfermo deve ser tratado em clínicas de dependência, onde, muitas vezes, ele convive com ex-usuários de drogas, o que demonstra um risco desse excesso de superexposição. O sintoma é semelhante ao que se observa no Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), porque o doente é incapaz de ficar longe do celular e necessita tocá-lo e utilizá-lo a todo instante.    Em segundo lugar, a superexposição, com postagens mostrando a rotina da pessoa, danifica sua integridade física, à medida que deixa diversas pistas para criminosos. Nesse pretexto, os endereços da residência, trabalho e escola; os locais e os horários que o usuário frequenta; além de postagens sobre viagens são, praticamente, um cronograma de atividades, que pode ser usado para auxiliar furtos, assaltos, sequestros, entre outros. Dessa maneira, a busca do equilíbrio como virtude humana, defendida pelo filósofo Aristóteles, deve ser frequente nos usuários das redes sociais, já que o excesso de exposição pode agradar não somente aos amigos, mas também aos criminosos.    Infere-se, portanto, que os riscos da superexposição na internet podem ser graves à saúde mental e à segurança das pessoas. Em vista de diminuir os casos de nomofobia, o Ministério da Educação poderia exigir, por meio de diretrizes a serem seguidas, que as escolas confisquem os celulares dos alunos durantes as aulas, para que as próximas gerações se acostumem com um período de abstinência dos meios tecnológicos. Ademais, o Ministério da Defesa poderia advertir a população brasileira sobre as informações que ela mesma fornece aos bandidos, utilizando as próprias redes sociais para disseminar essas propagandas governamentais. Mediante essas alterações, os brasileiros poderiam cuidar de si e prevenir que a liquidez de Bauman possa ser algo passível de fatalidade em suas vidas.