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Enviada em: 28/09/2017

Na mitologia grega, Narciso ficou impedido de admirar sua beleza para ter vida longa. Mas, ao olhar-se espelhado nas águas de uma fonte, se encantou por si e sucumbiu na própria imagem. Ao levar para o cenário contemporâneo, observa-se esse mito na superexposição das redes sociais. No entanto, esse exposição não estaria relacionado apenas na vontade de se expor, mas na busca pela admiração e pelo amor do outro. Dessarte, é acertado e oportuno analisar cuidadosamente a maneira como o excesso dessa manifestação pode contribuir negativamente para os cidadãos brasileiros.       É fundamental sinalar, de início, que toda essa exibição é o indício de uma sociedade menos interessada nos sentimentos reais. Segundo Bauman, vivemos tempos líquidos, nada é para durar. Nesse sentido, as sensações de serem adorados se mantêm por um breve período de tempo, quase instantâneo. Logo, a pessoa precisa postar novamente para ter mais elogios, pra novamente ''estar bem''. Consequentemente, esse tipo de comportamento torna-se uma doença compulsiva a fim de impedir o sentimento de vazio. Prova disso são os dados da pesquisa da Antennas Business Insights afirmarem que cerca de 90% dos brasileiros fazem selfies com frequência. Assim, nota-se que o vício de fazer autorretratos estaria relacionado com a felicidade em ser admirado ou amado.      Outrossim, destaca-se que a super exibição nas redes sociais pode prejudicar a formação das crianças. Segundo um estudo feito em 2014 pela empresa de segurança virtual AVG, 80% dos pais de crianças de até 2 anos já postaram pelo menos uma foto dos filhos na web. Por esse ângulo, essa expressão intensa causa o aumento da vaidade na criança, já que tudo o que ela faz se torna merecedor de registro. Além disso, quando as fotos são publicadas em redes sociais abertas, gera-se um ambiente de exposição maior que os álbuns de família, uma vez que publicar fotos de situações muito íntimas, podem ser de difícil tolerância para a criança no futuro. Dessa forma, o ato de exibir os filhos exige ponderação, já que pode impactar na formação de suas identidades.        Dessa maneira, verifica-se que a superexposição nas redes sociais influencia de modo negativo os sentimentos pessoais e a formação dos mais novos. Portanto, é necessário que as instituições de ensino possam integrar essa tecnologia para fins didáticos desde a educação infantil, entretanto devem estabelecer uma discussão democrática entre os alunos para gerar um acordo sobre quando e onde usá-los, estimulando um uso consciente e equilibrado. Ademais, cabem aos pais evitarem exageros recorrendo a rede sociais específicas para compartilhar fotos dos filhos, afim de limitar o acesso das fotos aos círculos de amigos e familiares para evitar situações que possam constrangê-lo no futuro. Só assim as redes sociais ajudarão na construção de uma sociedade menos individualista e egoísta.