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Enviada em: 20/05/2017

O início da caminhada       Partindo do seu processo histórico, desde o século XVI, as reflexões sobre democracia e tecnologia se fazem emblemáticas. Enquanto, em 1555, o voto era censitário e não havia nenhuma inovação técnica atrelada a ele, atualmente, esse exercício de cidadania é universal e o uso das máquinas de votar, de acordo com o primeiro Código Eleitoral, é uma realidade. Nesse sentido, é imperativo analisar que, apesar da utilização de urnas eletrônicas, a relação entre a representatividade e a modernização ainda não é amplamente explorada e equilibrada.       Em primeira instância, é preciso considerar que, embora seja um direito humano assegurado por lei, o acesso à internet é limitado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, quarenta e cinco por cento da população brasileira não ingresso nesse tipo de conexão, visto custo e/ou falta de cabeamento. Essa questão interfere diretamente na soberania popular, pois existem meios de exercer os direitos e deveres do cidadão via rede. Por exemplo, o Portal e-Cidadania, do Senado brasileiro, promove a consulta pública em que a sociedade pode opinar sobre projetos de lei através de votação. Dessa forma, a falta de integração no universo digital proporciona desigualdade democrática.       Ademais, chega-se a uma representativa questão: o senso comum. De acordo com Pierre Bourdieu, não há democracia sem um verdadeiro poder crítico. Nessa perspectiva, com o avento da Revolução Técnico-Científica, os indivíduos têm acesso a inúmeras fontes de conhecimento, estudos e pesquisas. No entanto, quando se analisa a utilização das redes sociais, nota-se uma aproxima dos cidadãos com experiências e observações comuns e subjetivas, sem base racional lógica. Logo, a tecnologia está contribuindo para o senso comum e diminuindo o pensamento crítico o que, conforme esse sociólogo, prejudica a soberania popular.      Fica evidente, portanto, que a relação entre tecnologia e democracia requer uma abordagem coerente. Diante disso, compete ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação agir na prestação de serviços de internet, atuando na diminuição do valor e aumentando o cabeamento, de forma a proporcionar ampla inclusão social e digital. Além disso, cabe às instituições de ensino, em simbiose com as organizações não governamentais, ajudar nesse quesito, promovendo palestras, discussões e projetos que envolvam a questão do senso crítico na manifestação de ideias em redes sociais. Outrossim, mensagens de conscientização deverão ser transmitidas pelos meios de comunicação governamentais, como “Hora do Brasil”, para incentivar o pensamento crítico e promover democracia. Os caminhos já são conhecidos, basta promover os primeiros passos.