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Enviada em: 19/05/2017

Classificar a relação entre tecnologia e democracia como ferramenta maléfica ou benéfica para a sociedade é uma ingenuidade pueril. Por se tratar de um assunto relativamente recente, complexo e que sofre mudanças diariamente, a tecnologia e suas aplicações ainda não foram discutidas de forma abrangente e conclusiva. O que se deve fazer é considerar os fins aos quais ela se destina.  Com a consolidação da globalização como intermediadora da modelo econômico mundial, as tecnologias tornaram-se essenciais na vida dos indivíduos e das grandes corporações. Com isso, é inquestionável que, com o acesso a internet, muitos benefícios foram proporcionados para os cidadãos e para o sistema democrático, como o acesso a informações instantâneas sobre acontecimentos políticos, a possibilidade de opinar sobre propostas políticas em sites especializados e enquetes, a maior interação entre pessoas que compartilham das mesmas ideologias, biografias online que permitem que os indivíduos pesquisem sobre figuras políticas e, sobretudo, as redes sociais são as maiores aliadas de grupos ativistas, já que é por meio de páginas e blogs que grupos marginalizados marcam encontros para reivindicar direitos. Somada a isso, a tecnologia possibilitou o desenvolvimento de ferramentas que propiciaram uma maior comodidade e segurança para os indivíduos, como a urna eletrônica.  Embora as tecnologias tenham promovido muitos benefícios para os cidadãos, as suas aplicações, se utilizadas de forma irresponsáveis, podem ser um problema de grande abrangência na sociedade. A internet, por exemplo, é um meio de informação, muitas vezes, não segura. As redes sociais permitem que os indivíduos opinem de forma anônima, gerando, assim, uma maior abertura para discursos de ódio em que, na grande maioria das vezes, o agressor não é punido, pois se utiliza o direito à liberdade de expressão como argumento de defesa. Diante disso, as tecnologias podem colaborar, também, com o surgimento de grupos extremistas, como ocorreu com o grupo Estado islâmico que, não só iniciou suas atividades por meio das redes sociais, mas também utiliza delas para divulgar as barbaridades cometidas com cidadãos que não seguem seus princípios.  Diante dos argumentos supracitados, com o objetivo de manter os benefícios do uso das tecnologias para a democracia e erradicar os seus malefícios, é necessário que o Estado financie estudos e pesquisas em universidades públicas no que tange ao desenvolvimento de novas tecnologias. Somada a isso, é importante que o poder judiciário atue em prevenção e punição de casos de discursos de ódio na internet, com o aprimoramento do Marco Civil. Além disso, é imprescindível que os órgãos públicos garantam aos indivíduos o direito de protestar, reivindicar e se comunicar para que, assim,  seja seguida a definição de um governo democrático.