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Enviada em: 17/05/2017

O desenvolvimento tecnológico, nas últimas décadas, tem apresentado mudanças significativas na democracia brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais de 50% da população utiliza a internet por meio de diferentes suportes, o que potencializa a troca informacional entre as diversas regiões do país. Em paralelo, observa-se a intensificação da desigualdade entre as classes sociais e exercício seletivo da cidadania. Nesse âmbito, pode-se analisar que os impactos negativos da tecnologia sobrepõem-se aos positivos no sistema socioeconômico vigente.            Em primeiro lugar, o Brasil ainda não conseguiu atender plenamente às demandas essenciais das classes minoritárias, mesmo estas possuindo maior visibilidade com o advento das tecnologias de informação e conhecimento. A cultura brasileira, em grande parte, contribuí para a gradativa segregação entre as classes sociais, uma vez que é resultante do capitalismo, cuja condição de sobrevivência é a desigualdade entre os indivíduos. Assim, com o princípio igualitário sendo antagônico à lógica do sistema, a democracia se torna um papel destinado à parcela ínfima da população que domina não só os diferentes veículos informacionais do país, como também as esferas políticas.            Ademais, há o estigma do elitismo tecnológico na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia de superioridade das classes com maior poder aquisitivo em detrimento da população de baixa renda reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, os cidadãos que não possuem condições financeiras para portar suportes custosos são objetificados e vistos apenas como o mal do sistema capitalista, e são ensinados desde cedo a se submeterem ao mesmo e aceitarem a realidade de desprestígio social. Desse modo, constrói-se uma cultura do medo, na qual as classes baixas tem receio de exercer sua cidadania por estar sob constante repressão psicológica das classes dominantes.          Por conseguinte, urge que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério da Cultura, em parceria, invistam em programas de inclusão tecnológica que equiparem todas as camadas da população. O Poder Judiciário deve fiscalizar os projetos e políticas criados, penalizando legalmente qualquer desvio de verba e viabilizando, então, o desenvolvimento tecnológico garantido no artigo 218 da Constituição Federal. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com diferentes canais de comunicação, devem reforçar a importância da tecnologia para a construção de um Brasil progressista, por meio de campanhas e palestras que estimulem a participação popular na política e desconstruam a ideia capitalista de desigualdade, possibilitando a plena democratização da sociedade brasileira.