A Revolução Tecnocientífica, iniciada na década de 1970, foi responsável por estabelecer uma ampla rede virtual de compartilhamento de dados. Hoje, além de um âmbito capaz de proporcionar entretenimento, a Web 2.0 constitui um importante mecanismo de exercício de práticas cidadãs. Nesse sentido, a possibilidade da população participar em decisões do Estado, bem como o fácil acesso a diversas informações, resultam em maiores atos democráticos impulsionados pelo uso de tecnologias. A princípio, a ampla oferta de conteúdos no meio virtual confere ao povo a oportunidade de aumentar seu conhecimento acerca do Estado e suas particularidades. De acordo com o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, o ser humano não nasce pronto e tem, dessa forma, a chance de se construir. Essa afirmação se relaciona com a temática em questão uma vez que indivíduos politicamente conscientes e atuantes são formados através do consumo das informações disponibilizadas por meio da tecnologia. No entanto, na hodiernidade, há um déficit no incentivo ao engajamento político das pessoas, principalmente as mais jovens. Como efeito da facilidade de mobilização e atuação proporcionada pelos aparatos tecnológicos, a oportunidade de participação da população em debates públicos cresceu. Consultas são realizadas, nesse contexto, a fim de reunir as opiniões dos indivíduos e realizar mudanças em benefício da sociedade. Entre as ocorrências dessa prática está a consulta pública responsável pelas alterações entre o ENEM 2016 e o 2017, na qual participaram pouco mais de 400 mil brasileiros. A ressalva, nesse caso, é evidenciada ao comparar o número de envolvidos na consulta com os 5,8 milhões de pessoas que realizaram o exame em 2016, de acordo com o Inep. Dessa maneira, é reforçada a relevância de maiores ações que acarretem o envolvimento social nessas ações. Fica claro, portanto, que medidas são necessárias para promover maior atuação democrática da população por meio do uso de tecnologias. Assim, para que a construção destacada por Sartre ocorra, atividades extracurriculares que envolvam pesquisas acerca da política nacional podem ser passadas pelos professores, nas aulas de Sociologia. Ademais, todos os Ministérios devem realizar anúncios, na televisão e na internet, para divulgar seus portais virtuais e informar sobre as meios de participação online de questões públicas. Dessa forma, a informatividade coletiva pode crescer a longo prazo e resultar em cidadãos politicamente mais ativos.