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Enviada em: 19/05/2017

Segundo Pierre Lévy, famoso pesquisador dos impactos da internet na humanidade, os destinos da democracia e do ciberespaço estão amplamente ligados. Percebe-se tal pensamento na sociedade contemporânea, com o reinado das tecnologias de informação e comunicação sobre a comunidade, reinventando, assim, o fazer democrático, com o surgimento de novas e eficazes ferramentas de participação popular.     A princípio, na Grécia Antiga, mais precisamente em Atenas, berço da democracia moderna, o cidadão colaborava diretamente com as decisões políticas nas chamadas ágoras, praças públicas, onde a cidadania da pólis era, de fato, exercida. Hoje, com o advento da industrialização e consequente globalização, surgem as Ágoras digitais, no contexto da ciberdemocracia, websites destinados a debates de questões públicas e sociais, realizando o diálogo do indivíduo com o Estado. Pode-se citar como exemplos, os portais online e-democracia e e-cidadania, respectivamente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal Brasileiro, os quais visam a aproximação, por meio da interação digital, do cidadão com os representantes da nação.      Embora haja plataformas suficientes para a aplicação do conceito da ciberdemocracia, na prática a relação indivíduo-Estado é subestimada pelas instâncias decisórias do sistema político. Desse modo, não há incentivo por parte do governo, nem da mídia, na visitação das ágoras digitais, visto que boa parte da população desconhece tais portais ou não possui interesse em discutir a administração do país. Constata-se, isso, com os dados do IBGE, mostrando apenas 27,4% da sociedade brasileira relacionando-se, via internet, com autoridades públicas ou órgãos governamentais. Ademais a esses fatores, ocorrem as divergências de opiniões, no meio digital, atreladas ao não respeito mútuo, sobretudo em redes sociais como o Facebook e o Twitter, resultando constantemente em disputas irrelevantes  entre partidos políticos de ideologias polarizadas.       Perante o exposto, cabe às três esferas de poder, Executivo, Legislativo e Judiciário, o melhor desenvolvimento da atuação do cidadão no gerenciamento do território nacional. É primordial a criação de novas ágoras digitais e a ampliação das já existentes, propagando-as na mídia televisiva, estimulando a população a atuar na democracia do país. Deve-se, também, haver o incentivo à cidadania nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio, com o ensino da sociologia e da filosofia, no intuito da criação de melhores posicionamentos políticos no meio digital e com isso discussões mais saudáveis, acarretando no crescimento intelectual da sociedade.