Materiais:
Enviada em: 22/05/2017

Celulares, computadores, iPads, smartv’s, redes de internet cabeadas e em modelo wi-fi. Em nosso tempo, a tecnologia não é um mero componente da vida em sociedade, mas, é o próprio ambiente, é a própria malha na qual as relações sociais se constituem. Vivemos em uma verdadeira era da técnica. Os efeitos desse fenômeno para a conduta humana, por sua vez, revestem-se de grande ambiguidade, sendo possível, aos olhos de uns, traçar uma lista enorme de suas consequências positivas, enquanto na perspectiva de outros, a tecnocracia contemporânea enfraquece e despersonaliza as relações humanas. Diante disso, é necessário uma arguta reflexão.       Os defensores da sociedade tecnológica do século XXI contam com o enorme sucesso material das inovações técnicas constantes e de sua capacidade de facilitar nossas vidas em seu aspecto mais pragmático e cotidiano. Afinal, quantos problemas do dia-a-dia, por exemplo, não se vêem rapidamente solucionados pela facilidade de comunicação proporcionada através das redes sociais? Para um amante da tecnologia, não há como pestanejar diante de um progresso tão evidente. Em seu ponto de vista, encontramo-nos hoje pura e simplesmente diante da concretização do sonho de Francis Bacon, o famoso filósofo moderno que identificava o aperfeiçoamento do homem com o domínio da natureza.     Sob outro aspecto, ao avaliar a questão tecnológica a partir da qualidade das relações que os homens estabelecem entre si, o caminho é bem diferente. Ao mesmo tempo que a tecnologia facilita ações cotidianas, ela também tende a reduzir tudo ao domínio do pragmático, do útil, da eficiência técnica. Em um ambiente online no qual tudo é tremendamente veloz e prático, tende a reinar, a superficialidade e o pouco senso crítico, precisamente por que este exige esforço e reflexão. Em que medida, por exemplo, as mesmas redes sociais que nos aproximam virtualmente são capazes de nos introduzir em relações verdadeiramente humanas? No fim das contas, parece que o próprio elo entre as pessoas se torna mais pragmático, utilitário, superficial e – porque não dizer – fútil. Para usar o vocabulário do filósofo judeu Martin Buber, acabamos por substituir a relação eu-outro (própria do encontro entre pessoas) pela relação eu-isto (própria da posse de utensílios).      Dessa forma, a tecnologia traz consigo, inevitavelmente, a marca de uma ambiguidade insanável, mas o impacto de seus efeitos dependem, principalmente, dos próprios agentes envolvidos. Então, a importância da família, instituição social mais básica, célula-máter da sociedade, tem a missão de formar adequadamente os seus membros, desde a mais tenra infância, para um uso equilibrado e sadio das inovações técnicas, pois no mundo tecnológico, entre o progresso e a barbárie, só o homem bem formado poderá decidir adequadamente que rumo tomar.