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Enviada em: 03/07/2017

Destino social e luta contra a Roda viva       Em 1959, C.P. Snow, físico e romancista inglês, afirmou, em uma discussão: "Não sei como era a vida antes do clorofórmio!". De forma análoga, torna-se difícil conceber uma pós modernidade sem o advento das tecnologias a que hoje temos acesso. Em contrapartida, Chico Buarque, na canção "Roda Viva" descreve um status quo no qual o indivíduo deseja exercer sua cidadania e "voz ativa", mas é impedido por uma "força" de rápidas transformações. Nossos novos meios de informação e comunicação demonstram, constantemente, sua plurissignificação: embora forneçam subsídios a discussões democráticas e estimulem, em certa medida, o senso crítico, funcionam, também, como espaços de crimes graves, que precisam ser questionados.        A dialética que circunda as tecnologias é complexa e seus efeitos, destacáveis. Em primeiro lugar, faz-se crucial observar suas consequências positivas em sociedade. Os novos meios técnicos e informacionais figuram como a ágora do século, possibilitando o exercício da democracia quase que diretamente, em moldes nunca antes experienciados em terras brasileiras. Ao permitirem a coexistência de pontos de vista opostos e favorecerem adesões a manifestações políticas, sociais e ambientais, os espaços de comunicação ampliam o conceito de cidadania e viabilizam que ideias e críticas se alastrem com rápida velocidade.       Tamanha rapidez de informações redefine os contornos de muitas das questões atuais. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês conhecido por sua teoria da modernidade líquida, inferiu que segurança e liberdade são fatores que se acompanham, mas de maneira inversa: quando buscamos aumentar liberdades, assumimos que parcela de nossa segurança será abandonada. Contraditoriamente, as relações indivíduo-tecnologia trazem impasses antigos sob nova roupagem, a exemplo dos discursos de ódio. O desconhecimento dos limites de "direitos" nos ambientes virtuais, por exemplo, é uma constante que age reduzindo o exercício democrático.        Fica mais que evidente, assim, a necessidade de atenção e estudo dos efeitos sociais das novas tecnologias no Brasil. Nesse sentido, é necessário que escolas e famílias atuem em conjunto, de forma a estimular o uso consciente das tecnologias entre os jovens, junto à noção de responsabilidade social. ONGs podem incentivar discussões democráticas e exposições respeitosas de conceitos individuais e coletivos, através de campanhas inteligentes, de participação da comunidade. Com muita cooperação, os pontos positivos dos meios tecnológicos sobressairão e poderemos "mandar no nosso destino", em permanente luta contra a Roda Viva, assim como cantado por Chico Buarque.