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Enviada em: 30/05/2018

Tido como um clássico do cinema nacional, o filme "Cidade de Deus", de 2002, retrata a periferia do Rio de Janeiro da década de 1970, evidenciando o convívio dos cidadãos com o tráfico de drogas e a violência. Mesmo após mais de dez anos se passando, nota-se uma concordância do cinematográfico com o cenário atual. Nesse sentido, evidencia-se a relação estabelecida entre o consumo e comércio de entorpecentes com a violência urbana nacional, indicando a vitalidade de políticas públicas capazes de enfrentar esse empecilho.    Dados do Programa Ação pela vida, de 2013, realizado para Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, expõem que mais de 60% da vítimas de homicídio daquele ano faziam uso ou estavam sob efeito de drogas. Dessa forma, infere-se que a selvageria nas cidades conecta-se mais profundamente com os próprios usuários dos narcóticos. Baseando-se nisso, investiu-se, nacionalmente, na criação e ampliação do abrangimento dos Centros de atenção psicossocial, álcool e drogas (CAPS), objetivando acolher e ajudar na recuperação de viciados, tratando-os por um período de seis meses, até adapta-los para o retorno da vida em sociedade e extinguir o seu ímpeto violento.    Pelo mesmo viés, é preciso a compreensão da inexistência de apenas um culpado pela situação enfrentada no país. A lei da oferta e da procura bem elucida a parte dos narcotraficantes no todo, que vêem no Brasil como sendo um corredor internacional no comércio dos ilícitos uma boa forma de lucros. O ministro da segurança pública indicado para a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro, Raul Jungmann, polemicamente declarou sua opinião de que os menos favorecidos se envolvem com as drogas pela falta de oportunidades; já a classe média tem grande parcela de culpa, pois ela que financia o sistema através de seu consumo. Através dessas palavras, atina-se que o problema da conjuntura de drogas com violência é muito mais profundo e tem mais participantes e culpados do que os culpados, precisando de ações que atuem nas mais diversas esferas.     Diante dos argumentos supracitados, depreende-se imprescindibilidade de projetos públicos que atuem na tríade de prevenção, tratamento e repressão do uso de drogas e consequentemente no fim da violência. Para tanto, primeiramente, o Estado e a mídia podem atuar em conjunto criando e divulgando ções de marketing e programas sociais que deem mais oportunidades para pessoas em situações de vulnerabilidade tentadas pelo caminho das drogas. Em seguida, governos deveriam investir e oportunizar a ação dos CAPS no máximo de regiões possíveis. E por fim, a ação de repressão dar-se-á pela ação da segurança federal, agindo de modo a proibir a entrada de drogas nas fronteiras nacionais, além de impor condenações mais rígidas para traficantes que ameaçem a ordem social.