Materiais:
Enviada em: 01/07/2019

"Cidade de Deus" é um filme que retrata a violência derivada do tráfico de drogas em área favelizada do Rio de Janeiro. De fato, mostra a forma como a coação foi um instrumento de poder do traficante Zé Pequeno, bem como de que forma a letalidade policial acometia a comunidade. Esses problemas, inclusive, são reais e atuais, pois, conforme recente Atlas da Violência de 2019 (AV), o Brasil matou 65 mil pessoas no ano de 2017.       Em primeiro lugar, é preciso dizer que tanto a violência urbana quanto o tráfico de drogas são consequências da caótica urbanização brasileira. Isso aconteceu porquê, de acordo com o geógrafo Claudio Hansen, os bairros periféricos das metrópoles, no passado, foram marginalizados quanto aos equipamentos de infraestrutura e, por isso, a traficância se aproveitou do abandono e se instalou, passando a ditar suas regras indefinidamente.    Dessa forma, as pressões oriundas da seleção natural montaram um cenário de faroeste caboclo, do Legião Urbana, no qual a animosidade e a belicosidade indicam a sobrevivência do indivíduo mais forte. Isto é, se por um lado, as organizações criminosas trocaram revólveres por fuzis AKs-47, e aumentaram suas chances de subsistir; por outro, agravaram a espiral da violência, pois a letalidade policial matou cerca de 5 mil pessoas (AV). Aliás, a rivalidade existente é tão grande que é refletida nos presídios, onde as facções lutam entre si ou são vítimas de agentes estatais (ilustrados respectivamente pelos genocídios de Pedrinhas ou do Carandiru).       Portanto, para evitar que os jovens Dadinhos se tornem Zé Pequenos, e aumentem a violência urbana, como fez o caburé João de Santo Cristo, é de suma importância que o Governo Estadual combata o tráfico de drogas. Para isso, seria necessário criar um órgão especial de inteligência dentro da polícia com a finalidade de monitorar a localização e as negociações de traficantes, enfraquecendo-os por meio de prisões das pessoas envolvidas. Concomitantemente, poder-se-ia construir espaços educativos, onde professores interagiriam com as populações menos favorecidas (através de cursos, hortas e palestras). Assim, quebrar-se-ia o ciclo de violência.