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Enviada em: 06/08/2018

A transfobia é caracterizada como a aversão ou discriminação contra pessoas transexuais, transgêneros ou travestis. Diferente da homofobia, que se refere a orientação sexual, este termo diz respeito à identidade de gênero. Basta lembrar do verso "joga pedra na Geni", de Chico Buarque, para observar como esse mal está presente na sociedade brasileira. O problema possui raízes em uma sociedade machista e conservadora, e encontra na inexistência de leis específicas uma forma de invisibilizar a população trans.      O assassinato da travesti Dandara dos Santos, ocorrido em 2017, em Fortaleza, ganhou repercussão mundial e escancarou uma realidade que muitos preferem fechar os olhos. Segundo a organização não governamental Transgender Europe (TGEU), entre 2008 e 2014 mais de 600 pessoas transexuais foram mortas no Brasil, sendo o país que mais mata esse grupo social no mundo. Outro dado alarmante é mostrado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em que apenas no ano de 2017 foram contabilizados 179 assassinatos de travestis ou transexuais. Isso significa que a cada 48 horas, uma pessoa trans é assassinada no país. Essa realidade cruel é fundamentada em uma sociedade machista e conservadora, que considera pessoas trans como "abominações", baseado muitas vezes em preceitos religiosos e na negação da diversidade sexual.         Além disso, o fato de não existir uma lei específica que tipifica os crimes de LGBTfobia (crimes conta Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis) faz com que haja um histórico de impunidade contra esse tipo de violência. Já existe Projeto de Lei que dispõe sobre o tema, porém está arquivado desde 2014 na Câmara dos Deputados, sem conseguir aprovação. O projeto encontra resistência dos parlamentares da chamada Bancada Religiosa, demostrando o preconceito institucional contra LGBT's que invisibiliza e contribui para a não garantia de direitos básicos dessa população.          Assim, devido ao fato de a transfobia e a LGBTfobia estarem enraizadas na sociedade, o principal meio capaz de alterá-las é através da educação. É necessário que o Ministério da Educação promova cursos de capacitação de professores, com o objetivo de torná-los aptos a lidar com a diversidade sexual. A Escola deve promover palestras para os jovens sobre diversidade, tolerância e respeito, fazendo com que através do conhecimento esse grupo seja respeitado. Além disso, a população anti-LGBTfobia deve unir-se e pressionar o Poder Público para que o Projeto de Lei seja discutido e aprovado. Dessa forma, se a Geni era "boa de cuspir", cabe à própria sociedade e ao Poder Público reverterem essa lógica de raízes profundas, fazendo com que os direitos básicos da comunidade LGBT sejam assegurados.