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Enviada em: 07/05/2018

Na obra de Machado de Assis "Memórias Póstumas", o autor Brás Cubas disse que não teve filhos e que não transmitiu o legado da nossa miséria. Sem dúvidas, hoje ele acertaria na sua decisão: a atitude de muitos brasileiros diante da intolerância em relação aos travestis, transexuais e transgêneros, é uma das expressões mais cruéis do país. Dessa maneira, cabe analisar a herança histórico-cultural e a individualização da pós-modernidade no Brasil.  O sociólogo Pierre Bourdieu, em sua teoria "Habitus", postulou que a sociedade incorpora padrões sociais e os reproduzem ao longo das gerações. Em paralelo, a atuação do cristianismo na colonização brasileira compeliu que o gênero é determinado no nascimento. Posto isso, o Brasil incorporou essa crença e naturalizou o preconceito, logo, agem de forma discriminatória e violenta perante as pessoas que não seguem tal padrão. Isso fica claro porque o país é líder do ranking mundial de assassinatos contra a população trans, segundo dados da organização Transgender Europe.  Outro fator importante é a liquidez do momento que se vive, conforme defendeu Zygmunt Bauman em suas obras, que o individualismo é comum. Isso é notável na falta de empatia da população diante de uma situação discriminatória, sem saber como agir a frente de opiniões, sentimentos e pensamentos diferentes daqueles que já estão habituados. Por consequência, a pessoa trans é segregada da sociedade, sendo inibida de estudar, trabalhar e socializar. Para exemplificar, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, 90% dos travestis se prostituem no Brasil e 80% deixaram os estudos em função da intolerância. Dessa forma, os LGBT´s são marginalizados, agredidos e mortos.   Em conclusão, é necessário combater a Transfobia, assim, cabe ao Ministério da Justiça, através da arrecadação de impostos, que crie delegacias e ouvidorias anônima especializadas, de tempo integral, para esses casos, incentivando as denúncias. Ademais, a Mídia, como potente formadora de opinião, dissemine programas nacionais que informem os cidadãos sobre o que é ideologia de gênero e as consequências do preconceito, além de mostrar as crueldade sofridas por eles por intolerância de alguns. Desse modo, motivando a solidariedade e um senso de coletividade, incluindo-os na sociedade.