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Enviada em: 03/11/2018

A transfobia é um tema de perceptível desconforto da sociedade brasileira. Marginalizadas, as pessoas trans são frequentemente vítimas de violência e têm prerrogativas básicas e negadas e ignoradas. Apenas o debate franco sobre o assunto e introdução de medidas para a efetiva integração cidadã dessas são o começo da solução do problema.       Parte-se aqui da ideia de que a linearidade do indivíduo imposta por uma percepção cultural hoje enfrenta as barreiras da liberdade de expressão e identidade. A estrutura de um Estado realmente democrático abriu o caminho para que pessoas de todas as naturezas questionassem valores impostos sobre o que elas são. Nesse contexto, as pessoas trans - que nascem com um sexo biológico, mas se identificam com outro gênero social - estão minorias descoladas das expectativas da linearidade.       Tal descolamento provoca a reação de segmentos conservadores da sociedade, que não percebem a que autodenominação de gênero é uma questão íntima e complexa, não é uma mera escolha. A questão da transfobia se enquadra na LGBTfobia, que - apesar de tratar de realidades muito diversos - têm em comum uma característica: sofrem violência em função da identidade de gênero. De acordo com o Grupo Gay da Bahia, só em 2016, 343 pessoas LGBT foram assassinadas, quase uma por dia.       Portanto, depreende-se que o acolhimento das pessoas trans na sociedade depende também forma como são integradas e percebidas as pessoas LGBT. Para que isso aconteça, a transfobia tem que acabar. O Congresso Nacional deve discutir a o projeto de lei que trata das particularidades dos crimes de homofobia, para que não se percam mais vidas. Além disso, as escolas e postos de saúde devem manter palestras e rodas de diálogo para que ocorra o debate sobre o tema, mesmo que grupos conservadores se oponham, pois as pessoas trans existem e devem ser consideradas. É apenas por meio da educação e do acesso à informação que a comunidade perceberá que um país justo e democrático não exclui cidadãos e muito menos tolera a violência contra minorias.