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Enviada em: 30/08/2018

O filme "Garota Dinamarquesa", baseado em fatos reais, relata a história de Lili Elbe, a primeira pessoa a enfrentar uma cirurgia de mudança de sexo no mundo, na década de 1920. Na trama, a incompatibilidade de seu gênero de nascimento traz conflitos internos, assim como o preconceito. No entanto, pode-se afirmar que a intolerância aos transexuais não se restringe somente à obra cinematográfica. Na contemporaneidade, a discriminação de pessoas transgêneros é evidente na sociedade e isso deve ser desconstruído, sob pena de prejuízos à toda nação.     Em primeiro plano, a causa para a transfobia é a cultura do preconceito historicamente enraizada no solo brasileiro. A esse respeito, o sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda afirma, em “Raízes do Brasil”, que o indivíduo tende a agir por impulsos emocionais – o fenômeno conceituado como “cordialidade”. O sociólogo afirma que algumas atitudes são tomadas sem que sejam consideradas as consequências, já que ocorrem de modo espontâneo e emocional. Ocorre que essa característica imprudente pode se manifestar de modo agressivo e reiterado, tornando, assim, a discriminação de transgêneros, advindo da inconsequência inserida na cultura definida por Buarque. Dessa forma, essa prática nociva se mostra um problema social e deve ser repudiada pela sociedade contemporânea. Outrossim, a omissão do Estado é obstáculo para o combate efetivo à transfobia. A ausência de leis federais que protejam a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis e transexuais) é um fator que impede que a intolerância seja combatida. Neste sentido, de acordo com a ONG Transgender Europe (TGEu), o Brasil é o país que lidera o ranking de mundial de assassinatos de transexuais. Em 2016, cerca de 800 pessoas transgêneros foram mortas por intolerantes. Um episódio que reflete a cultura transfóbica foi assassinato de um homem, no metrô de São Paulo, em 2017, após defender uma mulher trans que estava sendo agredida. Portanto, enquanto a negligência do Estado se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas, sobretudo para a comunidade LGBT: a transfobia. Impende, pois, que a sociedade e instituições públicas cooperem para minimizar os episódios advindos da intolerância de transfóbicos. Para isso, em primeiro lugar, é necessário a ação da sociedade em realizar debates e campanhas, por intermédio das redes sociais, com vistas à despertar o respeito, ao conscientizar a população sobre os conflitos vividos por pessoas trans, para objetivar à redução do preconceito tanto explícito, como velado. Ademais, é essencial que o Poder Legislativo possa atuar para criar uma lei que proteja a comunidade LGBT, viabilizando a criminalização de qualquer atitude de ódio contra essa parcela da população.