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Enviada em: 23/08/2017

Realidade atemporal           De acordo pesquisas do Grupo Gay da Bahia, 144 trans (travestis e transexuais) foram mortos em 2016 no Brasil. Nesse sentido, é nítido que a transfobia – intolerância tangente a identidade de gênero alheia – faz-se presente no país, sendo um ato retrógrado, de caráter destrutivo e inercial, a ser criminalizado e combatido.       Primordialmente, em uma análise mais aprofundada, deve-se refletir sobre a influência dos aspectos socioeducacionais nesse impasse. Segundo a teoria da tábula rasa de John Locke “o ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências”. Logo, um adolescente ou criança ao presenciar frequentes comportamentos de incomplacência relacionados à transexualidade no cotidiano familiar, inclinam-se a repeti-los no convívio social. Desse modo, a conduta transfóbica propaga-se entre as gerações posteriores, tornando a transfobia sistematicamente intrínseca à sociedade brasileira.       Ademais, é sabido que no Código Penal vigente não há especificação da transfobia como crime. Destarte, sem expectativa de serem punidos, muitos brasileiros utilizam da concepção transfóbica para externar ofensas, agredir e assassinar trans, como no caso da travesti cearense Dandara dos Santos, espancada e morta a tiros em plena luz do dia na capital Fortaleza, em fevereiro deste ano. Logo, torna-se claro a urgência de leis específicas referentes à transfobia.      Sob outro ângulo, é possível avaliar a resiliência do problema na esfera social, ao analisar, conforme a literatura machadiana, aspectos da natureza e ética humanas. Nesse âmbito o homem é visto como ser imoral, corrompido e propenso à violência, no qual há quase ausência de bons princípios. Assim, adicionam-se aos fatores supracitados atributos inatos, logo atemporais e tendentes à permanência.        Conforme a Lei da Inércia de Isaac Newton, um corpo tende a manter seu estado atual até que uma força atue sobre ele. Dessa maneira, a aplicação de “força” suficiente no percurso da transfobia torna-se imprescindível e é o caminho para combatê-la. Portanto, faz-se necessário que, mediante aprovação do PL 7582, o Estado torne hediondos os crimes de ódio contra homossexuais e trans, a fim de atenuar essa prática de violência na sociedade. À escola, cabe levantar discussões, acerca da identidade de gênero, por meio de oficinas e debates com psicólogos e educadores especialistas na área. Além disso, as famílias devem dialogar com seus infantes sobre orientação sexual, bem como, dar sempre bons exemplos de respeito e tolerância relacionados ao tema. Destarte, talvez, o pensamento pessimista de Machado possa ser vencido, o homem moralmente consertado e a transfobia erradicada.