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Enviada em: 01/09/2017

Em 1948, foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, DUDH. Esse documento foi de fundamental importância para comprovar a igualdade e a garantia de dignidade entre os cidadãos, independentemente de suas características individuais. Contudo, em muitas situações ele permanece na teoria e não é verdadeiramente aplicado, como no caso do preconceito com transexuais. Nesse contexto, o debate sobre o tema é de extrema necessidade, uma vez que, além da violência que já se tornou crônica no Brasil, é a falta de conhecimento sobre a questão que mais alimenta a transfobia.      No início do ano, o caso da trans cearense Dandara chocou o país: ela foi apedrejada e morta a tiros em Fortaleza. Tal conjectura se torna ainda mais alarmante já que, segundo o Grupo Gay da Bahia, mais homossexuais morrem no Brasil do que em lugares onde "a prática" é proibida, como em alguns países do Oriente e da África. Assim, mesmo que essa proibição "oculte" a existência deles nesses locais, o dado é chocante sendo que mostra como a crueldade e a intolerância são capazes de surpreender negativamente com suas proporções. Dessa forma, é imperativo a pesquisa e a divulgação de fatos que escancaram esses horrores, para despertar a comoção e o ampliar conhecimento dessa realidade na população.      Além da violência, que também está intrínseca em outros problemas sociais, a ignorância em relação ao transexual é um dos principais fatores que abre espaço para a transfobia. Percebendo isso, a mídia vem trazendo o tema a debate. Recentemente, por exemplo, foi lançado o filme " A Garota Dinamarquesa" que conta a história de Lili Elbe, a primeira trans a efetivar a mudança de sexo, no início da década de 30. No Brasil, o tema vem sido debatido em novelas e programas televisivos, ampliando o conhecimento sobre a questão e ajudando a desconstruir preconceitos. Contudo, esse é só um pequeno passo em relação ao que deve ser feito, uma vez que não será o suficiente ao ponderar que a violência e o preconceito estão enraizados na sociedade.      Urge, portanto, a necessidade de combater a violência nas diversas esferas e de ampliar, com intensidade, o conhecimento sobre essas questões. Para tanto, seria pertinente que o MEC acrescentasse à grade escolar, a partir do Ensino Fundamental I, uma nova matéria: "Valores Humanos" em que psicólogos e pedagogos trabalhassem em conjunto para desconstruir comportamentos violentos e preconceituosos, com debates e reflexões. Ademais, para a população que não frequenta mais o ambiente escolar o CONAR, órgão publicitário, deve fazer curtas com depoimentos de pessoas trans e divulgar nos principais canais abertos da televisão. Dessa maneira, a igualdade e a dignidade, defendidas na DUDH, sairão da teoria e serão, verdadeiramente, praticados.