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Enviada em: 04/09/2017

No Brasil, centenas de crimes violentos com motivação transfóbica são cometidos anualmente. E milhares de cidadãos, cuja identidade de gênero ou orientação sexual difere da maioria, têm direitos básicos negados pela sociedade e pelo Estado cotidianamente.    Embora a quantidade de crimes seja alarmante, a ausência de estatísticas oficiais mascara uma realidade ainda pior. A falta de políticas públicas que protejam os transgêneros, que eduquem sobre esse assunto e que punam atos de violência, revela uma negligência governamental que contribui para esse cenário.    O esteriótipo da pessoa trans marginalizada é amplamente aceito, por uma parcela preconceituosa da população brasileira. Entretanto, é a discriminação sofrida no meio familiar, na escola e no convívio social, que motiva escolhas extremas como a prostituição.    De acordo com Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele. Nessa perspectiva, para o bem e para o mal, a educação ou sua ausência, são fatores que direcionam o contexto dessa história. Pois, é no meio escolar que a pessoa trans se depara com uma mini projeção do que lidará no convívio social. Muitas vezes por despreparo profissional, nesse meio ela será exposta ao preconceito e a violência, fazendo com que o índice de evasão escolar, de pessoas trans, seja tão alto.     Longe das oportunidades restam poucas opções. Nesse viés, é de suma importância que um novo programa curricular de ensino seja criado, abordando de maneira interdisciplinar a questão de gênero e sexualidade, desde as séries iniciais. Aliado a isto, é essencial que o Estado garanta o acesso dessas pessoas ao mercado de trabalho e ao meio acadêmico, através de políticas públicas que visem a inclusão social. E por fim, que mobilize a criação de delegacias especializadas em crimes de cunho preconceituoso, com apoio emocional e psicológico para as vítimas, de forma que os casos de violência sejam devidamente notificados e punidos. Pois, de todos os direitos, o mais importante é o direito de viver.