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Enviada em: 21/09/2017

Precisamos viver todos como irmãos   Toda questão social implica uma necessidade humana. A essência de uma sociedade é o cuidar dos indivíduos em seus diversos agrupamentos ou aspectos. Por isso, a questão da transfobia no Brasil ainda desafia a inteligência humana e os progressos contemporâneos como um fator inadmissível, cujo objeto de análise está na mentalidade social conservadora e preconceituosa do brasileiro. vale apontar, nesse aspecto, como norte reflexivo o que já dissera o líder e ativista Marthin Luther King, "precisamos viver todos como irmãos ou morreremos como loucos".   Em uma perspectiva histórica, é inegável que o século XX foi significativo na conquista por direitos civis e que a Constituição de 1988 significou um grande avanço ao criminalizar a prática preconceituosa. No entanto, a discriminação de transsexuais no Brasil é institucional, isto é, não está presente diretamente no discurso do brasileiro, mas em ações intrínsecas na mentalidade social. Vale ressaltar, ainda, que a concepção de orientação sexual, em contraposição a ideia de escolha anteriormente difundida, ainda é nova no país e dificulta o entendimento por parte da população. Essa conjuntura de fatores, por sua vez, acarreta na intensificação da discriminação ao transsexual, haja vista que a socie-dade é pouco informada sobre a questão, logo, busca excluir o que lhe parece estranho ou diferente.   Outrossim, na visão positivista do sociólogo Émile Durkhein, a sociedade é exterior e coercitiva, ou seja, impõe valores e padrões sociais ao indivíduo. Assim, seguindo essa lógica, o transgênero, da mesma forma como outras minorias, é excluído sistematicamente o convívio social ao transgredir valores de um grupo. Em virtude disso, o preconceito ao diferente alude exatamente à ideia de medo do inusitado advogada por Durkhein. O problema maior de tudo isso, por conseguinte, está no fato que essa exclusão leva o transgênero a desenvolver problemas psíquicos como a depressão, podendo resultar inclusive no suicídio. Não obstante, embora complexos, preconceitos são mutáveis.   Convém, portanto, que o Ministério da Educação, por meio de um projeto de debates sobre diversidades junto com alunos e famílias, leve informações sobre concepção de gênero e a respeito das mazelas oriundas do preconceito social aos transgêneros, a fim de, a longo prazo, enfraquecer estigmas deturpados da sociedade em relação aos transsexuais. Ademais, é imprescindível que a sociedade civil já politizada, por intermédio do ativismo, realize e fortaleça movimentos sociais a favor da inclusão e do respeitos às minorias, com o intuito de fortalecer o debate sobre a questão e difundir mais informações ao meio social. Pois, segundo o olhar poético de Ferreira Gullar, "é mudando a visão das pessoas que se muda a sociedade".