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Enviada em: 24/09/2017

A ignorância torna o ser humano desumano   Desde o surgimento das primeiras sociedades orgânicas, pensadores buscaram, por meio da razão e reflexão, ideias paliativas quanto à forma de regência cruel de suas épocas. Consoante afirmação de Locke, todo homem nasce em berço de direito natural à vida e à liberdade, devendo estes ser assegurados pelo Governo de forma irrevogável. Entretanto, em um país onde a religiosidade faz-se presente e aguda e parte de seu povo pode ser caracterizada como reacionária, faz-se necessário analisar tal proposição supracitada quanto à identidade de gênero na sociedade brasileira atual.   Embora o Brasil possua leis de proteção à vida e a OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, trabalhe para que a identidade de gênero receba os devidos cuidados, um dado estarrecedor surge quando o assunto volta-se à eficiência da proteção dos seus: atualmente, o país é o lugar onde mais se matam transgêneros, no mundo todo. Segundo a organização Transgender Europe, cerca de 700 mortes foram registradas oficialmente. Ademais, embasado na ignorância, na religião e no medo do desconhecido, o desrespeito à individualidade ainda atinge níveis exorbitantes, levando a esses homicídios.    Além disso, rastilhos machistas e preconceituosos oriundos de uma sociedade patriarcal e reacionária, concomitantemente ao uso de jargões depreciativos, são aculturados no decorrer dos anos, convertendo-se, então, em agressões deliberadas. Por conseguinte, é possível verificar tal teoria ao avaliar-se o processo que, forçosamente, usurpa o direito de ser e estar por meio do medo em ataques físicos e psicológicos, lançando pessoas trans a empregos de grande risco, como a prostituição. Sobretudo, a despeito do supradito, há uma grande pressão sobre aqueles de baixo poder aquisitivo impossibilitados de efetuar uma transição segura, via hormônios e acompanhamento médico, injetando em si mesmos, muitas vezes, substâncias tóxicas, como o silicone industrial.   Portanto, ao lembrar-se da afirmação de Locke de que a procura da felicidade é fundamento da liberdade, é impreterível que o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, crie projetos escolares acerca da identidade de gênero. Por meio de exemplos vivos que pudessem expor seus pensamentos e histórias de vida, bem como palestras de psiquiatras que dessem um parecer médico, além de esforços à inclusão social escolar, como a possibilidade de mudança do nome social nas chamadas e o combate ao “bullying”, seria possível uma compreensão acerca do assunto e união de todos que freasse preconceitos e a expulsão deste grupo social dos ambientes sociais, como também diminuiria os casos de depressão e mortes.