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Enviada em: 27/09/2017

Millòr Fernandes, escritor e desenhista do século passado, já afirmara que o Brasil tem um grande passado pela frente. Nesse sentido, pode-se observar que, de fato, a maior parte dos problemas relacionados à intolerância e hostilidade dos brasileiros frente ao diferente, possui raízes intrinsecamente históricas. Dessa forma, no que tange a questão da transfobia no país, vigora um forte desrespeito, seja pela lenta mudança de mentalidade social, seja pela insuficiência das leis vigentes.   Em um primeiro plano, é importante ressaltar que a apatia por transgêneros, travestis e transexuais pode ser considerada um reflexo do passado patriarcal do país. Segundo Albert Einstein,é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito enraizado. Sob tal ótica, é indubitável que as relações humanas estabelecidas em patamares desiguais, aliadas aos dogmas católicos amplamente difundidos, ainda se fazem presente. Desse modo, aqueles que, por algum motivo, não se identificam com o sexo biológico, acabam enfrentando a hostilidade de uma sociedade conservadora, que não consegue compreender a singularidade e individualidade de cada um.   Ademais, o arquivamento de um projeto de lei de criminalização e equiparação da homofobia ao racismo, tornando-o inafiançável, fomenta atos de violência contra essa população. Prova disso é que o Brasil, de acordo com a ONG gringa Transgender Europe, é o país que mais mata transexuais no mundo, e o mais alarmante, no entanto, é que matam-se mais homossexuais aqui do que nos 13 países do Oriente e África, onde há pena de morte contra os LGBT. Assim sendo, torna-se evidente que atos de repressão e discriminação contra essa comunidade fere preceitos éticos e morais, além de gerar um ciclo vicioso de segregação social nocivos à sociedade democrática.  Urge, portanto, estratégias que visem assegurar à vida, dignidade e representatividade de todos os trans. Logo, cabe ao Estado aprovar os projetos que efetivem a penalização dos homofóbicos, bem como a implementação de delegacias especializadas, a fim de atenuar a prática e repreender os agressores. Ainda, compete à escola, instituição formadora de valores, implementar palestras e seminários sobre o tema, desmistificando e elucidando o preconceito desde a infância. Por fim, é imprescindível que a mídia, por meio de propagandas e ficções engajadas, demonstre a realidade e dificuldades que esses cidadãos encaram diariamente, com o intuito de desenvolver uma maior compreensão e empatia por parte da população. Assim, a sociedade brasileira poderá garantir o exercício da cidadania de todos os setores sociais, e, finalmente ultrapassar antigos paradigmas.