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Enviada em: 26/10/2017

Machado de Assis, em seu livro "Memórias póstumas de Brás Cubas", diz que não teve filhos, não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Tivesse ele conhecido a sociedade contemporânea - preconceituosa, transfóbica, violenta - sentir-se-ia convicto de sua escolha, pois, segundo o G1, foram registrados 343 assassinatos de LGBTs no  ano de 2016, a cada 25 horas, um deles é assassinado no Brasil. Estes números refletem a carência de políticas públicas e a ineficiência das leis que combatem a discriminação e a violência contra esta população.      Desde 1990, no nosso país, o homossexualismo deixou de ser considerado uma doença e mesmo assim, ainda existem clínicas que oferecem tratamento para "curar" a orientação sexual, usando a ignorância e o preconceito para lucrar e fomentar a transfobia na sociedade brasileira. É preciso compreender e respeitar as diversidades sexuais, pois, o preconceito é o fator gerador da violência. Para os transexuais, mudar o nome e o corpo faz parte da construção da própria identidade, portanto, as escolhas de cunho sexual pertencem a cada pessoa individualmente, ninguém tem o direito de interferir, mesmo quem não concorda  tem que respeitar o direito do outro  à liberdade  de gerir o próprio corpo e a própria vida, pois, a sociedade deve alicerçar-se na Declaração dos Direito Humanos, onde a liberdade, a justiça, a fraternidade e a igualdade são direitos de todos.        Para o coordenador da comissão de diversidade sexual da Ordem dos Advogados do Brasil - Filipe Garbelotto - a polícia deixa a desejar na apuração de casos de discriminação e violência contra a população LGBT, entretanto, desde de 2003, o Brasil possui lei estadual que proíbe a discriminação em virtude da orientação sexual. Falta criar Delegacias Especializadas contra crimes Homofóbicos e Transfóbicos e divulgar melhor os direitos dos indivíduos em relação as suas escolhas sexuais, através de campanhas na mídia - televisão e internet -  que leve ao público explicações de especialistas em diversidade de gênero e direitos humanos, a fim de se combater a violência e o preconceito à transfobia.       Estas ações devem ser implementadas pela Secretaria de Segurança Pública em vários estados, com treinamento especial para os servidores públicos que vão trabalhar diretamente com a questão, porque, é necessário todo apoio psicológico às vítimas de crimes de preconceito e violência neste contexto. Além destas ações, cabe ao Ministério Público fiscalizar a eficiência das apurações dos casos transfobia e as Secretaria de Educação ampliar seus currículos  escolares com conteúdos de Sociologia, e palestras de especialistas na área da diversidade de gênero sexual, a fim de conscientizar alunos, professores e  demais profissionais do ambiente escolar  que o preconceito e a violência deve ceder lugar ao respeito. Assim, talvez criaremos uma sociedade diferente do que Machado de Assis descreveu.