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Enviada em: 26/10/2017

A inclusão do nome social no CPF passou a ser adotada em 2017 no Brasil, representando um avanço no reconhecimento da identidade de gênero. Fora do âmbito institucional, entretanto, o preconceito contra travestis e transexuais continua presente na sociedade brasileira, gerando vítimas diariamente de um pensamento arcaico e intolerante. Fatores de ordem cultural, bem como social, caracterizam o dilema da transexualidade no país.    É importante pontuar, de início, a influência de valores historicamente construídos nas perseguições aos transexuais. À guisa do sociólogo Pierre Bourdieu, vive-se na chamada dominação masculina, em que constantemente, seja por gírias, ditados ou brincadeiras, ocorre a inferiorização da figura feminina. Essa realidade é ratificada pela forte intolerância à mulher transexual, que, sendo um homem, mas se identificando com ideais femininos, é intensamente reprimida. O episódio em que uma transexual foi agredida e faleceu por não ter recebido ajuda de ninguém ao seu entorno ainda em 2015 em São Paulo exemplifica a rejeição a esses indivíduos na sociedade.    Outrossim, tem-se a relevância da mídia e demais instituições no combate a esse quadro social brasileiro. Em 2017,a novela "A força do querer" expôs o drama da personagem Ivana, que, ao não se identificar com o gênero feminino, passou pelo processo de reversão sexual. Apesar da recepção calorosa da crítica, muitos brasileiros rejeitaram a retratação dos transexuais, evidenciando a persistência da intolerância no país. Assim, torna-se essencial intensificar projetos contrários à transfobia, já que, conforme Albert Einstein, é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito.     É notória, portanto, a importância de fatores culturais e sociais na problemática supracitada. Nesse viés, o Governo, por intermédio dos órgãos responsáveis, deve coibir o comportamento preconceituoso entre os brasileiros. Esse projeto deve contar com a aplicação de multas e medidas socioeducativas aos infratores, além da realização de campanhas de conscientização nos principais veículos de comunicação, a fim de construir uma sociedade mais tolerante. Ademais, cabe à mídia, enquanto difusora de novos comportamentos e opiniões, promover a aceitação quanto à diversidade sexual no país. A ideia da medida é, a partir de telenovelas e propagandas educativas que abordem o assunto, minimizar os casos de preconceito aos transexuais no Brasil. Por fim, as famílias devem desenvolver diálogos esclarecedores com os jovens para que esses possam consolidar uma consciência de respeito e harmonia às mais diversas identidades de gênero.