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Enviada em: 25/07/2018

Durante o século XIX, o sociólogo Émile Durkheim disseminou pelo mundo o pensamento segundo o qual a sociedade funciona como um organismo vivo, ou seja, todos os seus componentes deveriam viver em harmonia para conquistar o bem-estar da coletividade. Entretanto, no Brasil, a transfobia vai de encontro a esse anseio, umas vez que desqualifica a vida dos travestis, transexuais e transgêneros. Desse modo, deve-se analisar a herança histórico-cultural junto à individualização da pós-modernidade.      A priori, de acordo com Pierre Bourdieu em sua teoria "Habitus", toda a sociedade incorpora os padrões sociais impostos e os reproduzem ao longo das gerações. Indubitavelmente, a atuação do cristianismo na colonização brasileira impôs que o gênero não pode ser construído socialmente, ou seja, ele é determinado no nascimento, conforme o sexo da pessoa. Sendo assim, a população brasileira incorporou essa imposição e infelizmente naturalizou o preconceito junto à discriminação e violência contra as pessoas que não seguem tal padrão. Isso é notório à medida em que o Brasil, tristemente, é o líder do ranking mundial de assassinatos contra a população trans, segundo dados da Transgender Europe.      Outrossim, na sociedade hodierna, conforme defendeu Zygmunt Bauman nas obras que retratam a liquidez do momento no qual vivemos, o individualismo é, lamentavelmente, comum. Isso é notável à proporção em que a sociedade não consegue colocar-se na situação do outro, sem saber como agir a frente de opiniões, sentimentos e pensamentos diferentes daqueles que já estão habituados. Por conseguinte, tal falta de empatia corrobora para a marginalização do grupo trans da sociedade ao passo que a discriminação e o preconceito crescem. Para exemplificar, segundo a Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco(Amotrans-PE), 80% das trans pernambucanas abandonaram os estudos em decorrência da intolerância no ambiente escolar.      Destarte, para o Brasil alcançar o ideal proposto por Durkheim é imprescindível combater a transfobia. Dessa maneira, é necessário que o Ministério da Educação através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, crie um projeto de educação de gênero nas escolas o qual deve consistir em palestras e debates sobre ideologia de gênero, ministrados por psicólogos e professores para os alunos, com o intuito de sanar as raízes coloniais que corroboram para a discriminação e preconceito frente ao grupo trans, além disso deve ser distribuídas atividades para casa que envolvam as famílias de tais alunos, a fim de envolver toda comunidade no combate a transfobia. Ademais, é preciso que o Ministério da Justiça, crie uma ouvidoria anônima que funcione em tempo integral, além de delegacias especializadas nesse caso, com o objetivo de ampliar as denúncias em prol do combate a problemática.