Enviada em: 30/06/2018

A impessoalidade dos centros urbanos e o sentimento de solidão são novos dilemas da sociedade contemporânea. O vazio existencial e a falta de propósito na vida pode causar depressão e transtornos na convivência com outras pessoas. A reintegração das pessoas solitárias pode ser desa-fiadora, dado o estímulo cultural à individualidade.       Isso diz muito a respeito das transformações de realidade decorrentes da presença cada vez mais marcante da tecnologia na vida das pessoas. O mundo dos smartphones e dos aplicativos têm dominado as formas de se relacionar. O contato, o toque e o diálogo têm sido substituídos pelo WhatsApp. Receber uma chamada telefônica é um ato raro e desmotivado. Assim, o envio de uma mensagem de texto para resposta no momento e a depender do humor da outra parte, acaba se tornando a forma mais natural de se aproximar de alguém. As redes sociais têm como proposta aproximar as pessoas e eliminar as distâncias, mas elas - efetivamente - eliminaram o senso de iniciativa para sair e enfrentar o mundo exterior que ainda existe.       Ademais, a individualidade é fator determinante para a solidão. As pessoas estão sendo cada vez mais estimuladas a crescer e vencer na vida. Isso demanda tempo e dedicação. Estudar e ir à academia. Não perder tempo com pessoas ou outras atividades sociais. Ser bem sucedido tem se tornado um sinônimo de ser egoísta. Hoje, os relacionamentos devem ser orientados à utilidade que eles podem prover à realidade das grandes cidades em que ninguém tem tempo.       Percebe-se, portanto, que o ser humano tem negado sua natureza de convivência em sociedade. Os apartamentos pequenos, a fuga das famí-lias, os eternos solteiros, o medo de crianças e de responsabilidades com outras pessoas e tantos outros fatores têm contribuído para uma legião de pessoas solitárias e doentes. A depressão e o suicídio são males expli-cados por essa contrariedade à natureza humana. A felicidade é uma foto bonita e bem curtida nas redes sociais. A vida off-line está superada e abolida. Assim, apenas o resgate do verdadeiro ser humano pode salvá-lo.