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Enviada em: 26/05/2018

O uso da maconha, no Brasil, tem suscitado grandes discussões, uma vez que muitos brasileiros acreditam que a legalização não seja o melhor caminho, pelo fato de ser considerada uma droga capaz de alterar as funções cerebrais. No entanto, muitas pessoas que praticam o uso recreativo ou até mesmo medicinal são favoráveis à legalização, já que ela apresenta-se como uma droga incapaz de provocar transtornos sociais. Dessa forma, haja vista a divergência de opiniões, faz-se importante analisar o assunto sob duas perspectivas: a histórica e a social.       Em primeiro lugar, é essencial mencionar o uso da maconha enquanto prática recorrente no Brasil, antes mesmo de o nosso país receber esse nome, pois sabe-se, por meio dos registros históricos, que diversas tribos indígenas utilizavam a cannabis em suas práticas rituais, para fins medicinais e até mesmo recreativos, desfrutando, de forma produtiva, os benefícios da planta. Entretanto, o modelo  civilizador europeu recriminou tais usos - assim como fez com diversas outras práticas, as quais foram interrompidas em nome da moral religiosa que destruiu tradições, impôs um Deus e alterou toda dinâmica social de um grupo que vivia em plena harmonia, - atribuindo à maconha um caráter imoral, portanto, negativo. Dessa forma, considerando-se a influência católica sofrida pela sociedade brasileira até os dias de hoje, a cannabis continua a ser alvo de estigmatização, embora conte com inúmeros usuários que, em sua maior parte, optam pelo anonimato para evitar o julgamento dos conservadores.        Além disso, o uso da maconha é recriminado pelo fato de ser associado à criminalidade que predomina em nosso país, uma vez que para obtenção do produto os usuários precisam recorrer a meios ilícitos, já que o cultivo é legalmente proibido. Nesse contexto, os traficantes de drogas tiram proveito da situação, pois ao comercializarem a cannabis junto a outras drogas pesadas, como cocaína, crack e ácido lisérgico - as quais provocam sérias alterações psíquicas, contribuindo para a degradação dos seus usuários e, consequentemente, para o aumento da violência urbana - fazem com que ela seja vista como corresponsável pela criminalidade advinda do tráfico de drogas. Assim, entende-se que o grande problema não é uso da maconha, mas sim os meios aos quais se recorre para obtê-la.       Logo, depreende-se que, embora contrarie os princípios conservadoristas, a legalização da maconha contribuiria para o enfraquecimento do tráfico, já que reduziria o seu campo de atuação. Dessa forma, é importante que o Ministério da Justiça legalize o cultivo da cannabis, através de lei que estabeleça a concessão de alvará para os interessados em cultivar o produto, visando à redução do tráfico e contribuindo para que a sociedade brasileira encare o uso da maconha de forma natural, assim como era há alguns séculos e como assim é em alguns países como os Estados Unidos e a Holanda.