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Enviada em: 23/06/2018

Uma realidade parelela                                                                            Idealizado para o fim bélico, a internet como meio de comunicação, hoje é o artifício mais democrático de acesso e propagação de informação, tal que, a Organização das Nações Unidas afirma ser um direito do homem. No Brasil, as facilidades de acesso a esse meio, aliada a falta de acompanhamento e raciocínio subjetivo crítico, acabam por intensificar a dependência digital e, por fim, resultar em uma realidade paralela, seja pela mídia que dita o que é felicidade na sociedade, seja pelo descaso por parte do Estado em incentivar o indivíduo a usar os meios tecnológicos de forma saudável.        Assim, Theodor Adorno, filósofo alemão da escola de Frankfurt, afirmava que a tecnologia preenche vazios no indivíduo criados pelo próprio mercado consumista. De maneira análoga, os meios de comunicação em massa, bem como, a indústria do consumo alienam o contingente social e produzem uma sociedade do consumo. Pois, dita o que é sinônimo de felicidade: ter sempre as tecnologias mais modernas e além disso mostrar tais nas mídias sociais, essas lógicas têm como consequência a dependência de grande parte da população, uma vez que, as redes sociais e o entretenimento digital são produzidos justamente para manter ao máximo a atenção dos usuários.       Nesse ínterim, Émile Durkheim, sociólogo francês, dissertava que é responsabilidade das instituições sociais e do Estado construir um solidariedade orgânica, de maneira a evitar a anomia social, contudo, verifica-se que o governo pouco se esforça em mudar a realidade das dependências em artifícios digitais. Dessa forma, não há mecanismos que levem as pessoas a refletirem sobre a quantidade de tempo gasto na "realidade paralela". Em última análise, hoje, há todo um programa mercadológico voltado à infância, o que preocupa ainda mais, pois, o não acompanhamento familiar e a busca precoce pelo mundo digital podem levar à danos -sociais e neurológicos- irreversíveis.              Diante desse cenário, cabe uma aliança entre o Ministério da Saúde e as grandes empresas de tecnologia, como, Apple, Google e Microsoft, de maneira a implementar nos seus sistemas telas de avisos para alertar o usuário sobre a quantidade de tempo gasto com aparelhos e seu risco para a saúde, com a finalidade de conscientizar as pessoas sobre o uso demasiado desses. Concomitante, encaminhar dependentes extremos ao tratamento clínico específico com uma equipe multidisciplinar. Além disso, Ministérios da Saúde e da Educação devem elaborar o mês da conscientização digital, com a oferta de palestras nas escolas onde, resguardada a vontade individual, toda a sociedade poderá participar, com o objetivo de fazer o Brasil conhecer os benefícios dos hábitos digitais saudáveis. Pois, assim como dizia Montesquieu, filósofo francês, toda mudança precisa ser gradual para ser efetiva.