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Enviada em: 25/10/2018

O século XX foi marcado pela Revolução Técnico-Científica, que inaugurou a chamada “Era da Informação”, aumentando acentuadamente o uso de tecnologias pelas pessoas. Nesse contexto, o contato excessivo com essas ferramentas levanta o debate acerca das consequências no que diz respeito às relações interpessoais e a própria saúde do usuário. Com efeito, é necessário avaliar os fatores que estimulam esse quadro, além de alternativas para promover o uso consciente desses instrumentos.        Em primeira análise, é inconteste que a sociedade hodierna não pode ser analisada sem considerar as influências dos avançados aparelhos eletrônicos. Nesse diapasão, desde a popularização dos celulares, até o crescente uso das redes sociais, a comunicação entre as pessoas vem sofrendo inúmeras alterações. A vista disso, o sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, chama atenção para o que conceitua como “modernidade líquida”: um contexto social marcado por relações voláteis e efêmeras, resultado direto da sobreposição de ambientes virtuais sob a comunicação direta.       Em segunda análise, no que tange à saúde do usuário, pesquisas científicas já apontam que o estímulo cerebral gerado pelo uso de videogames e notificações de mensagens eletrônicas é semelhante àqueles liberados com o uso de drogas e bebidas alcoólicas. Esse entendimento corrobora com as pesquisas realizadas pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, que já desenvolve um trabalho ambulatorial para triagem e tratamento de pessoas viciadas em internet. Por conseguinte, essa conjuntura tem se revelado uma tendência mundial, levando a OMS – Organização Mundial da Saúde – a considerar, no relatório de 2018, a dependência tecnológica como distúrbio metal.        Evidencia-se, portanto, a necessidade de intensificação da abordagem dessa problemática. Assim, urge que o Estado, numa ação coordenada entre os Ministérios da Educação e da Saúde, promova palestras e debates nas escolas e junto às mídias sociais, com a participação das famílias e da comunidade, no sentido de promover o uso consciente e moderado de aparelhos tecnológicos e ambientes virtuais, alertando para os fatores de risco do uso indiscriminado. Dessa maneira, a tecnologia tornar-se-á ferramenta para promoção do bem-estar social, mitigando os perigos de uma sociedade líquida, como assevera Bauman.