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Enviada em: 26/10/2018

Panem et circenses      A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a compulsão por jogos eletrônicos na categoria de transtorno mental da Classificação Internacional de Doenças (CID), que será publicada neste ano. A priori, o termo "nomofobia" é uma criação recente para designar aqueles que estão viciados em tecnologia, tamanha a influência que a mesma exerce nos indivíduos, na atualidade. A despeito disso, a internet amortece contatos permeados de tensão e desconforto, insufla o narcisismo e a autoestima dos indivíduos, assim como torna-os irritadiços, depressivos e ansiosos, na criação de uma personalidade eletrônica que nem sempre sobrepõe-se à realidade. Doravante, o acesso a informação não sintetiza a obtenção do conhecimento, a medida em que o manejo incorreto dessa ferramenta torna-se patológico.       Consoante a isso, a internet figura palco social e histórico das vivências na criação de personagens fictícios, que se confluem com a realidade e interferem no livre arbítrio dos indivíduos, em optar por suas escolhas pessoais. Por conseguinte, os recentes escândalos envolvendo as redes sociais, como o Facebook e empresas de dados, como a Cambridge Analytica, permeiam o cotidiano na revelação de lobismos da indústria cultural ao colher dados e preferências dos usuários dessas plataformas de relacionamentos e convertê-los em marketing digital, com o direcionamento de propagandas específicas, que visam a manipulação da consciência política e do consumo desses indivíduos.        A posteriori, essas facetas da publicidade influem diretamente na nomofobia, haja vista que o bombardeamento de notificações, de ofertas limitadas de produtos e de notícias bombásticas, impulsionam o usuário a consultar obsessivamente seus aparelhos digitais, em busca de novidades que os retirem de sua rotina fatigada. Não obstante, o celular torna-se extensão do próprio corpo, a medida em que os indivíduos carregam baterias portáteis e temem o desligamento dos aparelhos - motivo de grande desespero. Lato sensu, desconectar-se da internet elenca a desconexão com o mundo, por mais paradoxal que isso possa entoar.        Portanto, se você possui uma preocupação excessiva com a internet e com o seu perfil nas redes sociais, se é abarcado pela instabilidade emocional quando o seu tempo de acesso é limitado, se mente acerca do tempo de conexão diária, se é acometido pela insônia - apesar de não possuir problemas de saúde física ou mental -, sobretudo, se você sente-se fatigado pelas telas os aparelhos, é hora de procurar ajuda médica, talvez você esteja fazendo uso patológico da tecnologia. Em síntese, já existem instituições de desintoxicação digital, como no Hospital das Clínicas, em São Paulo, que funcionam como grupos de apoio e debate conjunto. Por fim, exercite a autoconsciência, conecte-se no mundo.