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Enviada em: 30/10/2018

O excessivo uso de aparelhos eletrônicos remete ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área tecnológica estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência social afeta, inclusive, a população juvenil. É nesse viés que a problemática do vício em tecnologia aponta os desvios comportamentais da sociedade nos atuais paradigmas do Brasil.      Em primeira análise, as causas da problemática podem ser observadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. É evidente que, nos dias atuais, a maioria das pessoas utiliza os aparelhos celulares para qualquer função, em casa ou no trabalho. Esse uso contínuo pode levar ao vício, resultando em distúrbios mentais por causa da dependência eletrônica. Dessa forma, percebe-se, na área tecnológica, uma falência de ideologias que confirmam a visão de Baudrillard.     Incontestavelmente, o uso excessivo de tecnologia no cotidiano destaca como os indivíduos, de maneira inconsciente, são influenciados pela própria sociedade. A dependência tecnológica pode resultar em insônia, isolamento e dificuldades de aprendizagem, sobretudo em jovens. Sob esse contexto, é certo declarar que a população brasileira apresenta uma completa inversão de valores. Além disso, o apego a aparelhos eletrônicos afasta o indivíduo do convívio familiar, afetando o diálogo e a vivência em família. Dessa maneira, ao analisar as consequências do vício em tecnologia, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizada pelo sociólogo alemão Norbert Elias.       Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania acerca do uso excessivo de aparelhos eletrônicos. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Educação –em parceria com instituições privadas- promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por profissionais da área sobre o vício em tecnologia, de forma que a Educação Social desperte a preocupação e o conhecimento da população, já que se observa uma alteração nos padrões sociais brasileiros. Afinal, segundo o autor norte-americano Skinner, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.